segunda-feira, 1 de abril de 2013

"Os pais faziam tudo para que os filhos não fossem para o teatro"

Foto: Vítor Neno
Francisco Nicholson foi o convidado deste mês de José Raposo, no espaço de tertúlia que mantém no Centro Cultural do Cartaxo. O actor, argumentista televisivo, dramaturgo e encenador recordou alguns episódios da sua vida e confessou sempre ter sido muito irreverente, o que fez com que conseguisse agarrar muitas oportunidades que, de outra forma, não conseguiria. Foi essa irreverência que o fez iniciar-se na escrita. Ao ver que o texto da peça da companhia em que trabalhava como ponto era mau, disse alto e bom som que ele próprio conseguiria escrever uma peça melhor em 24 horas. O desafio foi aceite e assim se iniciou no teatro a sério, também como actor, uma vez que não se esqueceu de deixar um papel para si próprio na peça.
Recorda-se que, na altura, o teatro “fazia-se por vocação, porque se gostava verdadeiramente. E os pais faziam tudo para que os filhos não fossem para o teatro, inventava-se imensas histórias. Hoje há mães que quase empurram os filhos para os nossos braços. Há muito talento, mas há também muita gente a quer fazer teatro apenas para ver o seu nome nos cartazes”.
Foi no Teatro ABC que se popularizou com o teatro de revista e foi com o programa televisivo “Riso e Ritmo” (1964) – em que foi autor e actor, contracenando com Armando Cortez – que se deu a conhecer a todos os portugueses.   Recorda-se que a peça 'Bikini' "foi a primeira revista que fiz – no início dos anos 60, no ABC – e foi um estoiro enorme, um grande sucesso, porque era diferente e ninguém estava à espera. Eu era o autor e participava também como actor".
 Francisco Nicholson não deixou de representar nem de escrever. Depois de ter passado pela Companhia Nacional de Teatro e pelo Teatro Estúdio Lisboa, inaugurou o Teatro  Villaret integrando o elenco da peça “O Inspetor Geral de Nicolau Gogol”. No dia 25 de abril de 1974, o ABC tinha em cena “Tudo a Nu”, de que era autor, encenador e ator.  Dirigiu e interpretou variados programas televisivos, escreveu diversas novelas – tendo sido o autor de “Vila Faia”, a primeira telenovela portuguesa –, foi também autor de várias séries para televisão e argumentista no cinema. Recentemente encenou a peça “Isto É Que Me Dói”, com José Raposo e Sara Barradas.

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