segunda-feira, 1 de abril de 2013

Ele nunca governou o país

José Sócrates foi à RTP e garantiu a pés juntos que não tem nada a ver com os problemas que afectam os portugueses. Parecia um daqueles treinadores de futebol, na flash interview, logo após um jogo em que foi goleado, a garantir que a sua equipa tinha estado muito bem. A dizer que os problemas tinham resultado da chuva e da actuação escandalosa do bandido do árbitro. E até mesmo a garantir que não tinha perdido nada o jogo, o jornalista é que se enganou na contabilidade dos golos.
Foi mais ou menos isto que, em traços gerais, aconteceu na entrevista. Tudo correria bem, se não fosse a chegada da crise económica que nem se deu ao trabalho de bater à porta e o apanhou desprevenido. Uma crise económica que foi global, mas que apenas fustigou, de forma dramática, três ou quatro países, entre os quais Portugal, por ele governado ao longo de seis anos. Mas, ainda assim, tudo ficaria bem se os malandros dos partidos da oposição não lhe tivessem puxado o tapete com a conivência de Cavaco Silva. O PEC IV ia salvar o país, mesmo depois dos PEC’s I, II e III terem falhado esse objectivo.
Não há nada a fazer. Sócrates é assim mesmo e não há-de mudar nunca. Ele tem sempre razão e passa-se dos carretos quando alguém insinua que é capaz de não ser bem assim. Não adianta estar a lembrar-lhe que foi no seu reinado que o país entrou, na prática, em bancarrota, perdeu a sua independência e passou a ser governado por uns tipos sinistros, vindos sabe-se lá de onde. E que isso aconteceu como resultado das políticas seguidas no passado, começando, obviamente, pelas que implementou, de forma convicta, ao longo de mais de meia década.

Mas tendo em conta o feitio e as características do homem, não é de admirar que não adiante dizer-lhe isto. O que já parece estranho é que, por aquilo que vejo nas redes sociais, ele tenha convencido meio mundo. Se a entrevista durasse mais cinco minutos, haveria certamente muito bom português que ficaria convencido e juraria por tudo o que tem de mais sagrado que José Sócrates nunca governou Portugal.

(Opinião, Jorge Eusébio)

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