segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Pode ser que isto melhore depois de virem da praia

O período que antecede as autárquicas é óptimo para jornalistas e políticos 'confraternizarem'. Normalmente são confraternizações que tomam a forma de discussões bem feias ou andam lá próximo. Por regra, por causa de algo que os jornalistas disseram ou escreveram e não caíram bem no estômago dos políticos que, por esta altura, se sentem particularmente sensíveis e a precisar de muito carinho.
Lembro-me, por exemplo, de, há oito anos, estar a preparar-me para jantar em casa de uns amigos e receber uma chamada do presidente de uma concelhia. A criticar-me, à bruta, por algo que tinha escrito. Já não me lembro dos pormenores, mas deve ter sido um assunto muito grave, porque levou para aí uma hora a dar-me seca. Ou, mais provavelmente, seria uma merdice qualquer (uma pintelhice, diria Eduardo Catroga) e o homem levou tanto tempo para dizer o que tinha para dizer porque é político e os políticos são seres superiores no que diz respeito à nobre arte de falar muito para dizer quase nada. O que sei é que me lixou a refeição, que já estava fria quando consegui pegar no garfo e na faca. Mas Deus castigou-o e fê-lo perder as eleições.
Há quatro anos, tinha acabado de chegar ao Cartaxo, ainda não conhecia os cantos à casa e, pimba, levei com um primeiro comunicado de um partido político a criticar-me. E, pouco tempo depois, lá veio o segundo, a mandar-me abaixo. Aquela malta apreciava-me muito, na altura!
Este ano, as coisas estão mais calmas, ainda só tive dois ou três diálogos algo 'estimulantes' com políticos, mas, ainda assim, civilizados. Pode ser que isto melhore depois de virem da praia.

(Opinião, Jorge Eusébio)

domingo, 25 de agosto de 2013

Coisa pouca...

Acho uma injustiça o destaque que a Forbes deu à Jerónimo Martins, considerando-a uma das empresas mais inovadoras do mundo. Há uma empresa portuguesa que merece muito mais ser considerada uma das mais inovadoras... a lixar os portugueses: a EDP. Consegue cobrar-nos a electricidade das mais caras da Europa e ainda por cima convencer os sucessivos governos que devia ser mais elevada. Daí resulta o célebre défice tarifário, que é uma dívida que o Estado assume ter para com a EDP e que já vai em 3 ou 4 mil milhões de euros. Coisa pouca...

(Opinião, Jorge Eusébio)

sábado, 24 de agosto de 2013

O abandono dos campos e os incêndios

Uma das situações que potenciam o aparecimento de tantos fogos e o seu alastramento sem controlo é a desertificação dos campos e florestas. Acabaram com a agricultura de subsistência para dar mercado aos grandes produtores e grandes superfícies comerciais. Não contentes com isso, inventaram os planos directores, Rede Natura, Reserva Ecológia, Reserva Agrícola e sei lá mais o quê. Como consequência deixou de se poder construir habitação e criar empresas em cerca de 90% do território nacional. Uma família que viva no campo e queira fazer uma casa ao lado da sua ou mesmo um simples anexo para o filho e netos se manterem ali não pode, para não estragar a natureza. Em face disso, toda a gente teve de abalar, ao longo das últimas décadas, para os grandes centros urbanos, onde o preço por metro quadrado dos terrenos disparou (por não se poder construir em mais lado nenhum), dando, com isso, lucros brutais aos seus donos, a agências e promotores imobiliários e aos bancos que eram quem lhes emprestava dinheiro. Os campos ficaram abandonados, sem gente que deles tratasse, limpasse o pasto, instalasse pontos de água e corta-fogos. A consequência desgraçada desta história é a que assistimos todos os dias.

(Opinião, Jorge Eusébio)

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

O desafio de Pedro Ribeiro

O PS sempre foi o partido maioritário no Cartaxo e o seu candidato à presidência da Câmara, Pedro Ribeiro, certamente que está a fazer tudo para que isso se mantenha. No entanto, o processo que levou à ruptura com Paulo Varanda e o seu aparecimento como candidato independente leva a que o resultado final destas eleições autárquicas seja uma completa incógnita.

A seu favor, Pedro Ribeiro conta com o peso, a estrutura e, sobretudo, o símbolo do PS, no qual a maioria dos cartaxeiros está habituada a votar. Conseguiu, ainda, ir buscar para o seu lado os antigos presidentes de Câmara (com a óbvia excepção de Paulo Caldas) e, inclusivamente, presidentes de Junta que, em determinada fase da luta interna, pareceram estar do lado de Paulo Varanda. A ajudá-lo na corrida eleitoral estão José António Sobreira (cabeça-de-lista em Pontével), Manuel Luís Salgueiro e Luís Nepomuceno (que fazem parte das listas do Cartaxo/Vale da Pinta e Vila Chã de Ourique, respectivamente). Conta com uma equipa dedicada, coesa e organizada, o que fez com que a sua fosse a candidatura que primeiro se apresentou, inaugurou a sede e entregou as listas no Tribunal. É também justo dizer que é o candidato que mais tem exposto as suas ideias e projectos.

A anterior passagem de Pedro Ribeiro pela Câmara é, ao mesmo tempo, um ponto a seu favor e uma desvantagem. Deu-lhe experiência, conhecimento dos dossiers e da máquina, pelo que, se ganhar, sabe aquilo com que conta e não precisará de muito tempo para se 'ambientar'. Mas faz com que a oposição lhe lance críticas, dizendo que, tendo feito parte da equipa dirigente da autarquia, é também responsável pelo estado a que chegou o município. A isto o candidato do PS responde que saiu por discordar do rumo que Paulo Caldas estava a seguir e que viu, com grande antecedência, quais os resultados que daí adviriam. O facto de, ao longo de todo o tempo em que foi presidente do PS/Cartaxo, não ter retirado a confiança política, primeiro a Paulo Caldas e depois a Paulo Varanda, é outro dos argumentos esgrimidos pelos seus adversários para responsabilizá-lo. No fundo, o grande desafio de Pedro Ribeiro, ao longo desta campanha, vai ser rebater estas acusações e conseguir convencer os cartaxeiros de que não tem qualquer responsabilidade pela situação a que chegou o município. E também convém que mostre ter soluções para resolvê-la.

Fica assim completa a minha apreciação aos pontos fortes e fracos das seis candidaturas. No próximo dia 29 de Setembro vamos, então, saber qual foi a mais eficaz a passar a sua mensagem e a conquistar a maioria do eleitorado.

(Opinião, Jorge Eusébio)

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

PSD acredita que é chegada a sua hora

As divisões surgidas no PS/Cartaxo, que levaram ao aparecimento de duas candidaturas oriundas dessa área política, dão alguma esperança ao PSD de que desta vez poderá chegar ao poder no concelho.
Com esse objectivo, os social-democratas foram buscar para candidato o seu elemento de maior experiência e traquejo político, Vasco Cunha. Uma decisão que tinha um risco potencial: a possibilidade de Paulo Neves, o homem que foi candidato há quatro anos, bater com a porta e apoiar ou ir de malas aviadas para outra candidatura, o que enfraqueceria bastante o PSD. Isso acabou por não acontecer, Paulo Neves aceitou ir na lista para a Câmara, na segunda posição, o que é um trunfo.

O problema maior que, na minha opinião, se coloca à candidatura 'laranja' decorre da situação nacional. O país está a miséria que se conhece e, sendo o PSD o principal partido do Governo, é expectável que muita gente se sinta tentada a aproveitar as autárquicas para mostrar o seu desagrado, dando o voto a outro partido. Consciente dessa possibilidade, Vasco Cunha optou por encher as listas de gente sem filiação política e até de militantes socialistas, para dar uma ideia de abrangência e tentar enfraquecer o PS. A freguesia em que essa estratégia é mais visível é Vale da Pedra, em que a candidata do PSD à junta era até há bem pouco tempo uma conhecida militante socialista e apoiante de Pedro Ribeiro.
Um dos obstáculos com que Vasco Cunha e a sua equipa certamente não esperavam deparar-se é o aparecimento, à última hora, de uma candidatura do CDS. Não é previsível que consiga muitos votos, tendo em conta o seu tradicional peso no concelho, mas os que conseguir serão, em grande medida, ‘roubados’ ao PSD. E numas eleições tão disputadas como estas parecem vir a ser, esta transferência de votos pode revelar-se decisiva.

Até agora, o PSD tem feito uma campanha em que tenta mostrar o panorama negativo que, na sua opinião, resultou de tantos anos de governação socialista. Mas, parece-me que só isso não chega. Os cidadãos do concelho têm perfeita consciência da situação actual e querem é ideias e soluções para melhorar o panorama. É essa a resposta que os partidos – no caso concreto, o PSD – têm de dar, no tempo que falta para as eleições autárquicas.

(Opinião, Jorge Eusébio)

 

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

CDU corre para ser o fiel da balança

Depois de, numa primeira fase, ter garantido não ser candidato, Mário Júlio Reis volta a dar a cara pela CDU e a assumir-se como candidato à presidência da Câmara.
Não estará nos seus planos a vitória, tendo em conta a sua força tradicional no concelho, não é previsível que saia a sorte grande eleitoral à CDU, mas há uma forte probabilidade de conseguir a terminação. Com seis candidaturas no terreno, muito dificilmente alguém conseguirá maioria absoluta na Câmara, pelo que, se voltar a ser eleito vereador, a palavra e as propostas de Mário Júlio ganharão uma força bem maior daquela que agora tem, uma vez que o seu voto poderá passar a ser decisivo.
Essa perspectiva dará naturalmente ânimo reforçado à candidatura da CDU, apesar do aparecimento de última hora do Bloco de Esquerda que agarra alguns votos de protesto, os quais, caso não concorresse, teriam, em boa medida, como destino a lista encabeçada por Mário Júlio. No entanto, para ter hipóteses de sucesso, a sua candidatura tem de sair para o terreno e esforçar-se por transmitir a sua mensagem e ideias, uma vez que o voto ideológico já não é o que era e, havendo tantas candidaturas, corre o risco de alguma ou algumas delas lhe entrarem no seu eleitorado tradicional.
No cenário de não haver maioria absoluta, tendo em conta a moderação e a facilidade de diálogo de Mário Júlio, em princípio, a governabilidade ficará assegurada, seja qual for a candidatura que obtenha maior número de votos.
Mas, como não há almoços grátis, vamos ver qual será a 'factura' que a CDU apresentará. Recordo que aquela coligação votou contra em matérias fundamentais, como a concessão das águas e a adesão do município ao PAEL e Reequilíbrio Financeiro. A concessão das águas está feita, como sabemos, e o PAEL e o Reequilíbrio, provavelmente, também serão (assim se espera) assuntos arrumados até às eleições. Será que, caso reforce o seu peso no executivo, a CDU vai dizer que não há nada a fazer em relação a estes temas ou vai bater o pé e exigir algumas alterações, sobretudo ao nível da água? E caso opte por essa atitude, que bandeiras lhe restam para mostrar aos seus eleitores, de forma a dizer-lhes que valeu a pena o voto na CDU, pois consegue influenciar a gestão municipal?
Aliás, este vai o grande desafio da própria campanha eleitoral. A CDU vai ter de convencer os cartaxeiros de que tem algo de muito relevante a dar à gestão municipal, caso passe a ser o fiel da balança.

(Opinião, Jorge Eusébio)

sábado, 17 de agosto de 2013

Um pormenor sem grande importância

A Comissão Nacional de Eleições (CNE) parece ter tomado em mãos a tarefa de salvar a democracia lusa, seja lá isso o que for. Por esse motivo, está muito atenta à forma como a comunicação social trata as candidaturas autárquicas. E transmite-lhes instruções muito claras e rigorosas sobre como devem fazer a cobertura das eleições. Num dos seus comunicados, mostra-se especialmente preocupada com a maneira como decorrerão os debates entre elementos das diversas candidaturas. Lembra que todas devem ter o mesmo tratamento e que, no que aos debates diz respeito, "os órgãos de comunicação social devem assegurar que aqueles se realizem com a participação de representantes de todas as candidaturas". Mas, magnânime, mais à frente, admite que sejam eles a determinar a forma como devem decorrer, mas, atenção, com a consensualização de todas as candidaturas e desde que não haja oposição de nenhuma delas.

Para começar, gostava de saber como é que um órgão de comunicação social pode "assegurar" que todas as candidaturas marquem presença nos debates. Vai contratar uns seguranças para irem buscar os representantes de cada uma para que não faltem? Pede à PSP ou à GNR para prestar esse serviço? E quanto ao formato e regras dos debates, desde que haja uma única candidatura que não concorde e por esse motivo decida ficar de fora, já não se podem realizar? Ou então os órgãos de comunicação avançam na mesma, correndo o risco de levarem com umas valentes coimas em cima?
O que a CNE devia dizer é que é obrigação dos órgãos de comunicação social informar todas as candidaturas da existência de debates e convidá-las para participarem. A partir daí, devia ser  problema de cada uma aparecer ou não, sem que daí adviessem penalizações para o órgão em causa.
Assim, o que se passa é que um pequeno partido que vale, por exemplo, 3 por cento do eleitorado, pode bloquear a realização de debates, com isso prejudicando todos os restantes partidos (que valem só 97%) e, mais grave do que isso, a população.

É claro que, teoricamente, todas as candidaturas estarão interessadas em participar em debates. Mas, na prática, há algumas que não têm propostas, só concorrem por uma questão de birra ou para dizer que estão vivas. Outras, não têm equipa para defender as suas propostas. E, sobretudo, agora, no Verão, até há quem queira salvar o concelho, mas desde que isso não implique ter que participar num debate chato em vez de ir à praia.
Com estas determinações fundamentalistas e mal amanhadas, o que a CNE está a arranjar é que muitos órgãos de comunicação social optem por não fazer debates. Dessa forma, tratam todas as candidaturas de igual modo (não ouvem nenhuma), como se pretende e fica salva a democracia lusa. É claro que os eleitores não são informados das propostas de cada candidatura, mas isso é um pormenor sem grande importância.

(Opinião, Jorge Eusébio)

domingo, 11 de agosto de 2013

Paulo Varanda, o outsider

Paulo Varanda é, na minha opinião, um dos três mais fortes candidatos à vitória nestas autárquicas, no Cartaxo. A seu favor tem o facto de ser presidente da Câmara, o que lhe permite estar permanentemente no terreno, aparecendo nos eventos em posição de destaque. Uma circunstância que aproveita bem, pois tem facilidade no contacto pessoal, parece-me, aliás, que é o candidato que está mais à-vontade nesta vertente.
Como presidente de Câmara também imagino que esteja a fazer o possível e o impossível para conseguir tirar alguns coelhos da cartola ainda antes das eleições. Por exemplo, conseguir a inauguração da nova Esquadra da PSP ou do Centro Escolar. Ou ainda desbloquear o processo do reequilíbrio financeiro e do PAEL, obtendo, dessa forma, algum dinheiro fresco para pagar dívidas a fornecedores.
Não é, contudo, seguro que o consiga fazer até 29 de Setembro. Não só por problemas e dificuldades inerentes a esses dossiers, mas também por ser um outsider e não ter nenhum dos partidos do centrão a ajudá-lo nessas tarefas. O mais provável é que aconteça exactamente o contrário, ou seja, que esses dois partidos tentem mover as suas influências aos mais diversos níveis para fazer deslizar a concretização destas aspirações, de forma a que ele fique mal na fotografia.
Outro dos trunfos de Paulo Varanda é ter alguns apoios fortes nas freguesias, em especial de três ou quatro presidentes de Junta, que conseguem uma mobilização grande a seu favor quando é necessário. Isso viu-se aquando da apresentação da sua candidatura, da inauguração da sede de campanha e também no elevado números de assinaturas recolhidas.
Pela negativa, destaca-se o facto de não ter uma estrutura partidária batida em campanhas, notando-se, por vezes, algumas lacunas ao nível da comunicação da sua candidatura. Mas o que pode trazer-lhe mais problemas na hora do depósito dos votos nas urnas é não ter um símbolo partidário conhecido. Em especial, o do PS que vale ouro no Cartaxo.

(Opinião, Jorge Eusébio)

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

A vitória do Bloco de Esquerda

O voluntarismo do cabeça-de-lista do Bloco de Esquerda à Câmara, Francisco Colaço, leva-o a dizer que concorre para ganhar, mas, obviamente, ninguém (nem sequer ele próprio, com certeza) leva a sério essa afirmação. Trata-se, imagino, muito mais de uma forma de transmitir ânimo e ambição às 'tropas' do que qualquer outra coisa. É que, actualmente, o Bloco é a 4ª força política do concelho do Cartaxo e não se vislumbram razões que nos façam pensar que pode vir a subir no ranking e logo para o 1º lugar.
O partido surge até algo debilitado, devido ao anúncio surpreendente dos seus representantes na Assembleia Municipal de que não iriam nas listas. E é sobretudo surpreendente porque Pedro Mendonça e Odete Cosme fizeram a oposição mais dura a este executivo municipal, tiveram grande protagonismo na questão da contestação ao tarifário da água e forçaram a realização do referendo sobre o estacionamento. Era, pois, natural que concorressem para colher os louros do trabalho realizado e, se o fizessem, o Bloco poderia ter aspirações a melhorar o seu resultado eleitoral. Daí que tenha sido uma surpresa a decisão de atirarem a toalha ao chão, o que, seguramente, constituiu um balde de água fria para os dirigentes bloquistas. A tal ponto que, durante algum tempo, se admitiu a não comparência do partido ao acto eleitoral. Desde logo, nos meios políticos se começou a discutir sobre qual seria o partido que mais beneficiaria dessa circunstância, chegando-se, geralmente, à conclusão de que seria o PS. Eu, por acaso, não acho. O votante típico do Bloco é alguém crítico da governação local e, por isso, não iria votar em Paulo Varanda. Alguns poderiam realmente votar no PS, mas outros recusar-se-iam a dar confiança ao partido que sempre governou o concelho, de uma forma da qual discordam. Outra opção seria o PSD, mas aí muita gente se lembraria do que aquele partido tem feito a nível nacional e teriam alguma relutância em votar no partido, embora tratando-se de uma eleição local. Por exclusão de partes, penso que, caso o Bloco não fosse a votos, seria a CDU a beneficiar mais em termos eleitorais.
Mas, afinal, o Bloco acabou mesmo por se apresentar ao acto eleitoral  (à Câmara, Assembleia e União das Freguesias Cartaxo/Vale da Pinta) e o simples facto de tê-lo conseguido fazer nestas circunstâncias, pode, de alguma forma, ser considerado uma vitória.

(Opinião, Jorge Eusébio)

Participação do CDS baralha as contas

 
Ana Paula Inglês
O CDS é a grande surpresa destas eleições. Esteve vários anos ausente do Cartaxo, em Novembro último apareceu por cá, realizou dois eventos e voltou a desaparecer. Até que, praticamente em cima da data limite de formalização das candidaturas, soube-se que, afinal, vai concorrer às eleições autárquicas.
O que move o CDS? Tendo em conta o histórico de resultados e o facto de não ter feito praticamente trabalho de preparação para estas autárquicas, não se prevê que possa ter condições para eleger alguém. Pode ser, como diz a sua líder de concelhia e candidata, Ana Paula Inglês, que se trate de um passo no sentido de mostrar que veio para ficar e que vai preparar caminho para que daqui a quatro anos possa, então sim, obter um bom resultado.
Mas também pode ser que o partido esperasse ser convidado pelo PSD para integrar uma coligação ou colocar militantes nas listas laranja. Como o convite não surgiu, terá decido então avançar por conta própria, sabendo, de antemão, que o PSD será o partido mais afectado por esta decisão, uma vez que navegam em áreas ideológicas muito próximas. Caso o CDS não concorresse, era natural que a maioria dos seus simpatizantes e militantes optasse pelo PSD.
É claro que ninguém está à espera que o partido de Paulo Portas consiga grande votação no Cartaxo. Mas os muitos ou poucos votos que consiga podem fazer a diferença. Imagine-se que a área socialista, pelo facto de ter duas candidaturas, é dividida eleitoralmente na proporção de 60 por 40% . Pegando nos votos do PS em 2009 - 5382 -  e atribuindo-os na proporção referida às candidaturas vindas dessa área (protagonizadas por Pedro Ribeiro e Paulo Varanda) uma delas receberia, este ano, 3229 e a outra 2153 votos. Recorde-se que o PSD, há quatro anos, recolheu 3309 votos, o que significa que, a concretizar-se este cenário, ganharia estas eleições por cerca de 80 votos. Que podem agora ir parar ao CDS...

(Opinião, Jorge Eusébio)

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Mais um episódio na guerra socialista?

Ja aqui escrevi que nestas eleições, no Cartaxo, não faço apostas. Quanto muito, se contassem para o totobola, apostaria numa tripla. Creio que o PS, o PSD e o Movimento Pelo Cartaxo, de Paulo Varanda, têm boas hipóteses de acabarem a noite de 29 de Setembro a cantar vitória. Isso resulta da divisão que se deu no interior do PS. A ruptura entre as facções apoiantes de Pedro Ribeiro e Paulo Varanda colocou um enorme ponto de interrogação sobre o desfecho eleitoral.
E, para já, o que se perspectiva é mais um episódio nesta telenovela. Logo aquando a apresentação de Paulo Varanda como candidato, o PS foi avisando os socialistas que entrassem nas listas do actual presidente da Câmara que seriam penalizados por se assumirem contra a candidatura oficial do partido. Agora que as listas foram formalmente entregues ao Tribunal, é provável que a ameaça se concretize, sob a forma de processos internos. Ou então que, numa manobra de antecipação, esses militantes façam a entrega dos seus cartões de militante.
Esta divisão na área socialista beneficia, obviamente, o PSD, que espera que ela lhe abra, finalmente, as portas do poder no Cartaxo. Entretanto, foi procurando alargar a sua base eleitoral, através do recrutamento para as suas listas de muitos independentes e até de gente ligada ao PS.
O que certamente não estaria previsto na sua estratégia era a entrada, em cima da hora, do CDS na contenda eleitoral, o que, objectivamente, vem prejudicar as suas possibilidades de vitória. Tendo em conta o histórico do partido no concelho, não se espera que o partido de Paulo Portas tenha um resultado extraordinário. Mas, numas eleições tão disputadas como estas parecem ser, umas escassas centenas de votos baralham ainda mais o jogo e podem ter até uma influência decisiva.
É por tudo isto que, voltando ao princípio, aposto numa tripla. Nos próximos textos vou aqui analisar, com mais pormenor as campanhas, os objectivos e as possibilidades de cada candidatura.

(Opinião, Jorge Eusébio)

terça-feira, 6 de agosto de 2013

A caldeirada das autárquicas está ao lume

Toda a gente quer o poder. Há até, aposto, quem seja capaz de matar para ascender a um cargo que lhe dê o direito a ser chamado de sr. Presidente. E de privar com secretários de Estado, ministros, até com Passos Coelho ou Cavaco Silva, enfim, isto há gostos para tudo. 
Não sei se é o caso de algum dos candidatos à presidência da Câmara do Cartaxo. Talvez não. Provavelmente, tivemos sorte e apanhámos com alguns dos poucos políticos do país que são capazes de se sacrificar por aquela coisa que se convencionou apelidar de bem público. São logo seis os que estão dispostos a passar pelo menos quatro anos a pagar dívidas e a contar os cêntimos. Provavelmente, também a dar a cara por despedimentos. E, a seguir, como quem não quer a coisa, por algumas admissões de malta apoiante que não se meteu nisto para ficar a ver passar os navios.
Mas para já, vão ter muito que penar e inventar para conseguirem os muito suados votos que lhes hão-de permitir ascender ao cadeirão mais cobiçado cá da terra. E mesmo assim sem maioria absoluta. Quem ganhar as eleições vai ter de passar o mandato todo a negociar com pelo menos um partido da oposição tudo e mais alguma coisa para conseguir governar. Mas vai valer a pena. 

(Opinião, Jorge Eusébio)

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Mais três candidaturas entregues

Movimento pelo Cartaxo

Bloco de Esquerda

CDS
Ficou hoje completo o quadro de candidaturas às eleições autárquicas no Cartaxo, com a entrega no Tribunal dos processos do Movimento pelo Cartaxo, do Bloco de Esquerda e do CDS. Isto depois de, na Sexta-feira, PS, PSD e CDU terem feito o mesmo.
O Movimento pelo Cartaxo tem como rosto mais visível o actual presidente da Câmara, Paulo Varanda, que quer manter-se no cargo e arranca “com muita confiança em merecer os votos dos cartaxeiros”, até porque “temos mostrado projectos e trabalho de equipa”.
Por se tratar de uma candidatura independente, houve a necessidade de proceder à recolha de assinaturas. Um processo trabalhoso mas que não teve dificuldade de maior, uma vez que foram recolhidas muito mais do que as que eram exigidas. No total, “reunimos 3940 assinaturas” quando eram necessárias apenas cerca de mil.
Também no que diz respeito à constituição da equipa, Paulo Varanda garante não ter sentido grandes dificuldades em conseguir os elementos que queria, os quais têm as mais diversas afinidades políticas, “desde o Bloco ao CDS”.
Desfazendo algumas dúvidas sobre a participação no acto eleitoral, também o Bloco de Esquerda assumiu a entrega do processo. Só vai concorrer à Câmara, Assembleia Municipal e União de Freguesias Cartaxo/Vale da Pinta mas, diz o seu candidato à presidência da Câmara, Francisco Colaço, “naturalmente que nós concorremos para ganhar e para trazer a justiça e a solidariedade ao concelho do Cartaxo”.
As dúvidas tinham surgido após, de forma surpreendente, os dois elementos do Bloco de Esquerda na Assembleia Municipal terem anunciado que não participariam nas listas. Francisco Colaço aceita os argumentos apresentados, considera que desempenharam as suas funções “de uma forma exemplar e os cartaxeiros atestam isso, mas as pessoas cansam-se, querem dedicar-se um pouco mais às suas vidas”. De qualquer forma, está convicto que ambos continuarão a dar a sua colaboração ao Bloco.
A grande surpresa destas eleições é participação do CDS que, no entanto, apenas concorre à Câmara. Recorde-se que, depois de vários anos de inactividade, o partido reapareceu no concelho em Novembro do ano passado. Realizou duas iniciativas, após o que deixou de ter qualquer visibilidade no concelho, pelo que esta candidatura pode considerar-se uma surpresa. Ana Paula Inglês, líder da concelhia e candidata à presidência da Câmara, rejeita essa ideia, diz que “não foi uma candidatura de última hora”, trata-se de uma etapa de um projecto que tem um horizonte de quatro anos. Está consciente das limitações que o CDS tem no concelho e, por isso, não espera uma grande votação, sendo o seu objectivo “alcançar um resultado melhor do que nas autárquicas de 2005”, as últimas em que o seu partido concorreu.
A nível nacional e em muitos concelhos, PSD e CDS estão coligados, uma situação que, aparentemente, nunca foi opção no Cartaxo. “Nunca houve disponibilidade do PSD para conversar connosco e nós também não nos motivámos para conversar com o PSD” para tentar formar uma coligação.

sábado, 3 de agosto de 2013

PS, CDU e PSD apresentaram listas no Tribunal do Cartaxo

PS
CDU

PSD

Foram entregues, esta Sexta-feira, no Tribunal, as listas do PS, CDU e PSD candidatas às eleições autárquicas no Cartaxo. Após formalizar esse acto, o candidato do PS à presidência da Câmara, Pedro Ribeiro, manifestou convicção de que, mais uma vez, os socialistas vão sair vencedores. A lista da Câmara foi completamente renovada, uma vez que “o balanço que fizemos do executivo municipal é negativo”, enquanto que as equipas que se apresentam aos restantes órgãos têm um misto de “experiência e juventude”.
Menos ambicioso mostra-se o cabeça-de-lista da CDU, Mário Júlio Reis, que tem como expectativa e objectivo essencial segurar o resultado de há 4 anos. Caso isso aconteça e não haja maioria absoluta, a CDU pode ver o seu papel reforçado na Câmara, mas “só na altura haveremos de reflectir e tomar as melhores decisões”, sendo certo que “estaremos sempre do lado dos projectos que beneficiem o povo do Cartaxo, venham eles de onde vierem”.
O terceiro a apresentar o dossier necessário para legalizar a candidatura foi o PSD. O seu candidato à presidência da Câmara é Vasco Cunha que se mostra convicto da vitória, em face dos candidatos e das propostas que apresenta e não sobretudo devido às divisões que se verificam na área socialista. Vasco Cunha pede aos cartaxeiros que tenham “a noção da circunstância histórica em que se encontra o Cartaxo”, de quem foram os responsáveis pelo facto da Câmara ser a entidade “que mais deve no município e que mais tempo leva a pagar”, o que prejudica a economia local. Em face dessa análise, devem penalizar as candidaturas que representam a continuidade e votar nas que representam a mudança e a esperança.
Na próxima Segunda-feira deverão dar entrada no Tribunal do Cartaxo as candidaturas do Bloco de Esquerda, do Movimento pelo Cartaxo e, em princípio, também do CDS.