quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Assim já dá gozo

Os dirigentes e deputados do CDS são uns desgraçados, fartam-se de sofrer. Enfim, alguns deles, como, por exemplo, o próprio Paulo Portas. Vê-se que os homens nasceram para estar na oposição, o seu talento é oporem-se a quem governa. Daí que seja um sacrifício para estas almas terem o CDS no governo. Felizmente que é o partido minoritário e, por isso, para não perderem o hábito, semana sim, semana não, vão fazendo oposição a quem é suposto mandar no governo, o PSD. Mas, mesmo isso não lhes enche a alma. Fazer oposição selectiva dá trabalho, é chato. É mais fácil pegar na bazuca e disparar a eito contra todos os que estão no poder.
Deve ter sido esse o pensamento do deputado centrista João Almeida ao, a pretexto de uma proposta de limitação de animais em apartamentos, atacar a ministra da Agricultura, que, por acaso, é sua colega de partido.
Na altura em que escrevo este texto, Paulo Portas apresenta o programa de reforma do Estado. Espero que João Almeida não me desiluda e venha rapidamente criticar o seu chefe de partido. Quanto mais não seja pela forma chata como faz a apresentação.

(Opinião, Jorge Eusébio)

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

E agora?

(Quarto de uma série de posts de análise aos resultados eleitorais no Cartaxo)

Os eleitores do Cartaxo deram a vitória ao PS, mas com maioria relativa. Isso significa que o PS terá de encontrar apoios para levar a cabo o seu programa.
Olhando para a Câmara, verificamos que foram eleitos 3 elementos do PS, 2 do Movimento pelo Cartaxo e outros 2 do PSD. Em face deste cenário como é que pode ser assegurada a governabilidade?
Para alguém que acompanhou a política cartaxeira ao longos do último ano, a resposta não tem dificuldade nenhuma. Terá de ser através de um entendimento entre o PS e e PSD. É que, depois do que disseram um do outro e do clima de conflitualidade que rodeou as relações entre Pedro Ribeiro e Paulo Varanda, não passa pela cabeça de ninguém (embora, como se sabe, em política tudo seja possível) agora entenderem-se os dois.

Uma das hipóteses é que o entendimento entre o PS e o PSD possa tomar a forma de uma coligação oficial e abrangente, que inclua todos os órgãos autárquicos. A segunda possibilidade é que se opte por acordos pontuais, negociados caso a caso.
Do ponto de vista da governabilidade do concelho, numa altura em que há problemas muito graves para resolver, seria preferível um acordo formal e global. PS e PSD juntos assegurariam a maioria não só na Câmara, como na Assembleia Municipal e ainda em quatro das seis freguesias (União Cartaxo/Vale da Pinta; União Ereira/Lapa; Vale da Pedra e Vila Chã de Ourique). Seria, assim, possível aos autarcas eleitos trabalharem com tranquilidade e colocarem a sua atenção e empenho na busca das melhores soluções e não na negociação política de cada uma das propostas.

No entanto, não acredito que se avance para uma coligação. Para o PSD seria uma opção muito arriscada. Pela positiva, tinha, finalmente, a possibilidade de deixar a sua marca no concelho, uma vez que os seus eleitos passariam a ter pelouros e responsabilidades executivas. Mas o problema é que deixaria toda a oposição para Paulo Varanda e o Movimento pelo Cartaxo. Corria, pois, o risco de, nas próximas autárquicas, quem concordasse com a forma como o concelho foi governado votasse no PS (o principal partido da 'coligação') e os outros dessem a sua confiança ao partido da oposição, o Movimento pelo Cartaxo, ficando o PSD numa posição irrelevante.

Portanto, acho que os social-democratas vão mostrar disponibilidade para ajudar na governabilidade do concelho, mas com negociações caso a caso e impondo condições ao PS. Como não acredito que os dois partidos estejam interessados em provocar eleições antecipadas, nos primeiros tempos, com maior ou menor dificuldade, penso que os problemas serão ultrapassados. A partir do meio do mandato, com os olhos já colocados nas próximas eleições, é que as coisas podem complicar-se.

(Opinião, Jorge Eusébio)

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

A origem dos votos de Paulo Varanda

(Terceiro de uma série de posts de análise aos resultados eleitorais no Cartaxo)

Ao longo da campanha eleitoral sempre pensei que a esmagadora maioria dos votos que Paulo Varanda e o Movimento pelo Cartaxo iriam conseguir seria à custa do Partido Socialista. À primeira vista, uma análise aos resultados indica que é capaz de não ter sido bem assim. Recordo que, em comparação com 2009, o PS perdeu 1249 votos, o PSD 1097, a CDU 383 e o Bloco de Esquerda 529. Sendo que Paulo Varanda obteve 2821, poder-se-ia concluir que foi buscar um grande número de votos a todos os quadrantes. E, se calhar, até foi.

No entanto, continuo convencido que a grande maioria dos seus votos foi 'roubada' ao PS. Primeiro, porque se olharmos para as pessoas que constituíram o núcleo-base de Paulo Varanda eram quase todas da área socialista e não acredito que não tenham conseguido trazer consigo muitos votos.
Depois, porque me parece pouco lógico que das candidaturas do Bloco e da CDU tenham saído quase mil votos para Paulo Varanda e que o mesmo destino tenha tido a esmagadora maioria dos quase 1100 que o PSD viu fugir.

Parece-me mais razoável pensar que tenha havido uma transferência de, digamos, para aí uns 2000 votos do PS para Paulo Varanda e que os restantes tenham vindo da abstenção e umas centenas, sim senhor, do PSD e eventualmente umas dezenas da CDU e, até, do Bloco. Mas, nestes dois últimos casos, em número bastante reduzido.

Depois, terá havido uma fuga de votos do PSD para o PS por dois motivos essenciais. Por um lado, gente que há 4 anos votou nos social-democratas mostrou-se agora desiludida com o Governo e resolveu mostrar-lhe o cartão amarelo desta forma. A outra razão prende-se com o voto útil. Muitos eleitores que não gostam de Paulo Varanda e da sua governação e que, eventualmente, terão votado PSD em 2009, agora optaram por dar o seu voto ao PS por pensarem ser o partido que estaria em melhores condições de vencer as eleições e derrotar o actual presidente da Câmara. O mesmo fenómeno do voto útil terá afectado, igualmente, a CDU e, em maior escala, o Bloco de Esquerda. 
Enfim, pelo menos, é esta a análise que faço dos resultados eleitorais e que pode estar completamente errada, como é óbvio.

(Opinião, Jorge Eusébio)

terça-feira, 1 de outubro de 2013

O que aconteceu ao PSD?

O PSD/Cartaxo tinha quase tudo para ser feliz no dia das eleições. Estou no concelho há poucos anos, mas pessoas que há muito tempo acompanham a política e em cuja opinião confio dizem-me que apresentou das listas mais equilibradas de sempre. Foi também visível que fez uma campanha organizada e com cabeça, tronco e membros.
Mas, mais importante do que isso, tinha os seus rivais socialistas divididos em duas candidaturas, o que lhe dava a esperança de, eventualmente, poder ganhar as eleições, mesmo não tendo mais votos do que em 2009. Na base desta expectativa estava a ideia de que a esmagadora maioria dos votos que Paulo Varanda e o seu movimento conseguissem seriam votos retirados ao PS. E imaginemos que dos 2.281 votos que o ainda presidente de Câmara conseguiu, aí uns 75% tivessem realmente sido 'roubados' ao PS. Isso significaria que Pedro Ribeiro ficaria com menos de 3.300 votos. Ora tendo em conta que o PSD em 2009 obteve 3.309, estaria na luta pela vitória.

Um cenário que não se concretizou, acabando os social-democratas por ter um péssimo resultado. O que é que aconteceu?
Para responder a essa pergunta, convém regressar à fase de escolha do cabeça-de-lista. Havia duas hipóteses: ou o PSD voltava a apostar num independente, que desse uma imagem de maior abrangência ou apostaria numa figura partidária com grande experiência e capacidade política. Na altura, defendi que haveria mais vantagens da parte dos social-democratas em irem pelo primeiro caminho, voltando a apostar em Paulo Neves. Isso tinha a ver com a situação nacional que poderia contaminar as eleições locais. As pessoas do Cartaxo sabem que a Câmara está numa situação financeira muito complicada, vêm os caminhos e estradas esburacados, os apoios às colectividades cortados e, obviamente, não gostam e haverá a tendência de castigar nas eleições quem consideram responsáveis por isso. Mas também não gostam seguramente de ver os seus salários diminuídos, os seus impostos aumentados e os seus familiares desempregados. E sabem que a responsabilidade por isso acontecer é do poder central e não do local. Era previsível que muitos tivessem a tentação de punir o principal partido do poder, o PSD, nestas eleições.
Um candidato independente poderia mais facilmente demarcar-se do Governo. Bastava-lhe dizer que não era militante do partido, que também sofria por essas políticas, que não as defendia e que só se candidatava para fazer o que fosse possível pela sua terra. Caso arrumado.
O mesmo não poderia fazer uma pessoa como Vasco Cunha cuja imagem, por ser deputado, estava muito colada à política do Governo.
Ora, como se sabe, o PSD optou por avançar com Vasco Cunha. Mas, consciente do perigo que referi, tentou equilibrar as listas, enchendo-as de independentes e até de gente ligada à área socialista, procurando também, por esta via, dividi-la ainda mais. A estratégia pareceu-me inteligente e os social-democratas até tiveram a sorte de PS e Paulo Varanda não atacarem Vasco Cunha, ao longo da campanha, de forma a colá-lo ao Governo.

Afinal, as pessoas resolveram aproveitar mesmo as eleições locais para mostrarem um cartão amarelo ao Governo. Isso fez com que a maior parte das candidaturas do PSD apanhassem por tabela e registassem votações muito abaixo do que esperariam. Isso também aconteceu no Cartaxo.
Mas parece-me haver outra razão para o descalabro local dos social-democratas. Ao contrário do que eu próprio esperava, a votação de Paulo Varanda não foi conseguida, em boa medida, à custa do PS. Ao analisar os resultados, verificamos que, aparentemente, terá ido buscar votos a todos os partidos e um dos mais prejudicados até foi o PSD, que perdeu quase 1.100 votos. É evidente que não se pode dizer que houve uma transferência directa de votos da CDU, do Bloco e do próprio PSD para Paulo Varanda, ter-se-ão registado, seguramente, transferências cruzadas e haverá gente que não tinha votado há quatro anos e que foi votar agora. Mas o que é facto é que  todos esses partidos (PS incluído) perderam votos e Paulo Varanda arrecadou mais de 2.800.
Terá havido, igualmente, uma tendência para o voto útil. Muitos cartaxeiros que não gostavam de Paulo Varanda e da sua gestão poderão ter olhado ao lado e verificado que a melhor forma de o afastar do poder seria votarem na candidatura que estava estava em melhores condições de o derrotar e optaram pelo PS.

Mas a política (tal como a vida) não deixa de ser irónica. Apesar de ter tido um dos seus piores resultados de sempre nestas eleições, o mandato que se aproxima até pode ser aquele em que o PSD tenha mais influência e deixe a sua marca na governação autárquica. Mas sobre isso falarei num próximo post.

(Opinião, Jorge Eusébio)

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Vencedores e derrotados

(Primeiro de uma série de posts de análise aos resultados eleitorais no Cartaxo)

Candidatura socialista na entrega de listas ao Tribunal

O grande vencedor das eleições é, obviamente, Pedro Ribeiro que deu mais uma vitória ao Partido Socialista. Embora sem maioria absoluta ganhou umas eleições que não eram fáceis. É certo que o concelho é sociologicamente socialista, mas o surgimento de uma candidatura independente, nascida no seio do próprio PS, deixava antever uma divisão grande na votação. Por outro lado, quer se queira quer não, o PS sempre tem estado no poder no Cartaxo e, portanto, é responsável pela situação terrível que o município atravessa. Quanto mais não seja pelas escolhas que fez. E, portanto, seria normal que fosse, de alguma forma, penalizado.
Afinal, o pior (do ponto de vista de Pedro Ribeiro), acabou por não acontecer. Paulo Varanda conseguiu um resultado que se tivesse sido obtido essencialmente à custa do eleitorado socialista poderia até entregar a Câmara ao PSD. Mas, o seu Movimento acabou por ir 'pescar' votos em várias 'águas' e, inclusivamente, em termos percentuais, até prejudicou mais o PSD do que o PS.

O grande derrotado da noite foi Mário Júlio Reis, que não conseguiu ser eleito para um novo mandato de vereador, em representação da CDU. Costuma-se dizer que o que nasce torto, cedo ou nunca se endireita e, de alguma forma, esse provérbio pode aplicar-se a Mário Júlio que, em Janeiro, disse taxativamente que não seria candidato. Depois, mudou de ideias, aparentemente porque a CDU não arranjava um candidato melhor e lá avançou. Daí para cá, sempre tive a impressão de Mário Júlio estar numa missão de serviço à CDU mas que, intimamente, não se encontrava motivado ao mais alto nível para tentar ser eleito. Na apresentação dos candidatos da CDU fez um discurso de pouco mais de 5 minutos e nos debates na Rádio Cartaxo foi o que menos falou. E daquilo que disse não ficaram, pelo menos na minha memória, argumentos irresistíveis que levassem o eleitorado a nele votar.

Outro dos derrotados foi Vasco Cunha, que via na previsível divisão socialista uma oportunidade única de fazer o PSD chegar ao poder. Ajudou, inclusivamente, a fomentar essa divisão, foi buscar socialistas e muitos independentes para as listas, fez uma campanha sem erros e nem sequer foi muito visado por Paulo Varanda e Pedro Ribeiro, que preferiam atacar-se um ao outro. O resultado da noite eleitoral terá acabado por ser um balde de água fria para Vasco Cunha que, na minha opinião, foi, em boa medida, vítima - a exemplo do que aconteceu com muitas outras candidaturas por esse país fora - da impopularidade do Governo.

Também Francisco Colaço sai destas eleições sem motivos para celebrações. Perdeu mais de 60% dos votos que o Bloco havia conseguido em 2009 para a Câmara e deixa de ter protagonistas no poder local cartaxeiro. Neste caso, a grande 'machadada' foi a decisão dos deputados municipais do Bloco, Pedro Mendonça e Odete Cosme, não serem candidatos. Tinham tido grande destaque ao longo do mandato, assumiram-se como a oposição mais dura à gestão camarária e o lógico era que fossem consequentes e assumissem essa atitude até às últimas consequências, ou seja, indo até às eleições. Não o quiseram fazer, o que deixou o Bloco na situação de fragilidade que teve esta consequência eleitoral.

Igualmente derrotado terá sido Paulo Varanda. É verdade que não teve apoios partidários, mas também não é menos que contou com recursos financeiros bem elevados, tendo em conta o material de campanha que era visível e as iniciativas que desenvolveu. Ainda a seu favor tinha o facto de ser presidente da Câmara, o que lhe dava visibilidade. Vencer era o seu objectivo e não conseguiu, pelo que é um dos derrotados destas eleições. Mas, ainda assim, parece-me ser uma meia-derrota, pois conseguiu um apreciável número de votos, que leva o seu movimento a assumir-se como a segunda força política do concelho. Resta saber agora o que Paulo Varanda vai fazer com estes resultados.

(Opinião, Jorge Eusébio)

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Os últimos cartuchos


DIÁRIO DE UM CANDIDATO IMAGINÁRIO (*)

Hoje, estou a queimar os últimos cartuchos. Sinto-me um pouco ansioso e até nervoso, por causa de uma sondagem que nos chegou. Não se trata de uma daquelas marteladas, é uma a sério, feita para consumo próprio e não para fins propagandísticos.
E a verdade é que ela indica que as eleições não são favas contadas. Há uma luta, quase taco a taco, entre mim e o Ramalho. Ainda continuo na frente, muito provavelmente, vou ganhar, mas, quase de certeza, sem maioria absoluta. É um autêntico balde de água fria!
Até às tantas da noite desdobrei-me em telefonemas para dar ânimo ao meu pessoal e coordenar a intensificação da campanha ao longo do dia de hoje. Vamos andar por todas as freguesias com os carros de som e a malta a distribuir propaganda. Ao fim da tarde, arrancamos com uma caravana que tem de ser a maior que já circulou por aí, temos de dar um sinal de força rumo à vitória.
Depois disso, os dados ficam lançados, nada mais há a fazer a não ser tomar uma dose reforçada de Xanax e dormir até às quinhentas. Ao acordar, convém meter uma cunha a todos os santinhos para me ajudarem. Não sou um tipo religioso, mas confesso-me um gajo pragmático e com a decisão em aberto há que reconhecer que toda a ajuda é bem-vinda. Seja ela real ou imaginária.
E até estou disposto, caso o Além atenda às minhas preces, a fazer a promessa sagrada de que serei um bom presidente da Câmara, que olhará apenas e só para o interesse público e não para o seu, do partido, dos amigos e apoiantes. Pronto, está bem, sei que é uma promessa manhosa que, muito provavelmente, não irei cumprir, mas se Deus existe mesmo, sabe perfeitamente como funcionam os políticos e certamente não me levará a mal.

 *Este é um texto de ficção. Qualquer eventual semelhança com personagens e eventos reais é mera coincidência.

 OUTRAS AVENTURAS DO CANDIDATO IMAGINÁRIO
Serviço público
Uma campanha limpa e sem ataques pessoais

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Serviço público

DIÁRIO DE UM CANDIDATO IMAGINÁRIO (*)

A situação financeira da Câmara é catastrófica. Disso se queixam os meus concorrentes e eu próprio. Fartamo-nos de dizer que não há dinheiro para nada e que o município vai andar a pão e água durante muitos anos. Em suma, garantimos que pior do que isto só mesmo o fim do mundo ou, ainda mais grave, a possibilidade do Benfica voltar a perder três títulos em duas semanas.
Mas aqui que ninguém nos ouve, até estou satisfeito por a situação ser esta. Assim que ganhar as eleições e tomar posse vou dizer que é ainda pior. Com esse cenário pintado, ao longo dos próximos dois anos e meio, as associações e juntas de freguesia não me vão chatear a pedir dinheiro nem as pessoas me exigirão qualquer obra de vulto.
Com essa folga, vou resolvendo os problemas financeiros, aos poucos, a situação do país há-de melhorar e começará a entrar algum dinheiro na Câmara. Sem que alguém dê por isso, vou colocando alguma verba de lado e, a ano e meio das eleições seguintes, começo a fazer obra que nunca mais acaba e acabo por ganhá-las com uma perna às costas.
Portanto, oito anos à frente da Câmara já ninguém me tira. O problema é que parece que a lei foi alterada e, ao fim desse tempo, não me vai ser ainda possível ir embora com a reforma garantida.

 *Este é um texto de ficção. Qualquer eventual semelhança com personagens e eventos reais é mera coincidência.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Frases bonitas que não querem dizer nada

DIÁRIO DE UM CANDIDATO IMAGINÁRIO (*)

Esta é a altura da campanha em que nos fartamos de distribuir os folhetos com as fotografias dos nossos candidatos e o essencial do programa para cada freguesia. A técnica é simples. Faz-se um desdobrável A4 ou A5 de quatro páginas. Na primeira, coloca-se a foto do cabeça-de-lista, um slogan e o apelo ao voto na nossa candidatura. Na última, espeta-se as fotos de todos os que fazem parte da lista. É muito importante que não falhe nem uma.
Nas páginas centrais coloca-se mais uma ou duas fotos, normalmente, a do candidato à Junta e a minha e uma frase de cada um. O resto enche-se com texto que se vai buscar a programas de anteriores eleições, pois isto, basicamente, é sempre a mesma lengalenga.
Contudo, este ano, temos que ter um pouco mais de atenção. Como há a possibilidade de ganhar as eleições, convém eliminar qualquer tipo de promessa concreta que tenhamos utilizado nas últimas autárquicas. Em alternativa, garantimos que vamos "promover o progresso", "dinamizar as actividades económicas", "apoiar os mais desfavorecidos" e "potenciar os recursos da Câmara". São frases que caiem sempre bem mas que, felizmente, não querem dizer nada.

 *Este é um texto de ficção. Qualquer eventual semelhança com personagens e eventos reais é mera coincidência.

 OUTRAS AVENTURAS DO CANDIDATO IMAGINÁRIO
Uma campanha limpa e sem ataques pessoais

Uma campanha limpa e sem ataques pessoais

DIÁRIO DE UM CANDIDATO IMAGINÁRIO (*)

Ontem à noite, fizemos uma reunião da direcção de candidatura para levar a cabo um balanço e definir estratégias para a última semana de campanha. Foi unânime a ideia de que nos mantemos na frente e que temos todas as condições para ganhar as eleições. Tal como esperávamos, duas das candidaturas estouraram autenticamente e mostraram não ser rivais à altura. A única que ainda continua com algum fôlego é a do Ramalho e é com essa que temos de nos preocupar.
Em devido tempo, elaborámos um dossier com os podres todos dele e dos gajos que o acompanham e agora havia que decidir o que fazer com o documento. O meu director de campanha defendeu que devíamos aproveitar as entrevistas, debates e comícios que ainda temos pela frente para os expor publicamente. Uma ideia que contou com muito apoio, o que me deixou numa situação complicada. Tive de usar toda a minha autoridade, prestígio e esgrimir os melhores argumentos que me ocorreram para os convencer a não irem por esse caminho.
Lembrei-lhes que a nossa candidatura é diferente, que fazemos política por convicções e queremos essencialmente acabar com a tradicional maneira porca de a fazer. Portanto, nenhum de nós devia publicamente dizer uma palavra que fosse sobre os 'pecados' daquela gente. Concordaram, sobretudo, depois de lhes lembrar que também nós não somos perfeitos e de certeza que eles sabem disso.
Portanto, vamos manter o rumo e continuar a desenvolver uma campanha séria, limpa, honesta e sem ataques pessoais. E obviamente que não será culpa nossa se o dossier sobre os nossos adversários aparecer, anonimamente, nos e-mails da comunicação social e começar a circular de boca em boca sob a forma de rumores, boatos e insinuações.

 *Este é um texto de ficção. Qualquer eventual semelhança com personagens e eventos reais é mera coincidência.

 OUTRAS AVENTURAS DO CANDIDATO IMAGINÁRIO

sábado, 21 de setembro de 2013

A guerra dos porcos

DIÁRIO DE UM CANDIDATO IMAGINÁRIO (*)
 
Afinal, lá realizámos o comício. À última hora, conseguimos contratar um tipo que sabe assar porcos no espeto e, como se esperava, com este problema resolvido, o comício acabou por ser um êxito.
Apareceu muita gente, comeram bem, beberam melhor e cumpriram decentemente o seu papel de aplaudir e agitar bandeirinhas.
No final, foi muito agradável ouvi-los dizer que tinham gostado muito do meu discurso e garantido que iam votar na minha candidatura.
Foi bom e melhor seria se pouco depois não tivesse recebido uma notícia que me deixou e à minha equipa em estado de choque: uma das candidaturas concorrentes estava a preparar uma jogada suja. Como não têm ideias próprias, vão copiar a nossa estratégia e fazer também um grande comício para o qual já encomendaram a brutalidade de... 15 porcos para transformar em bifanas e distribui-las à borla por quem apareça.
Para grandes males, grandes remédios. Dei logo ordem ao Ricardo para organizar outro evento e comprar pelo menos 20 porcos. Vamos rebentar com o orçamento da campanha, mas que se lixe. Sempre quero ver quem consegue os melhores argumentos para convencer o eleitorado.

 *Este é um texto de ficção. Qualquer eventual semelhança com personagens e eventos reais é mera coincidência.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

O gajo não podia ter adoecido noutra altura?

DIÁRIO DE UM CANDIDATO IMAGINÁRIO (*)
 
O comício de logo à noite é muito importante. Por isso, passei as últimas horas a escrever, a ler, a rever e a corrigir o meu discurso.
Com a tarefa concluída, liguei para os restantes elementos da lista que vão, igualmente, dizer umas palavras e fiquei tranquilo. Também eles já haviam preparado as suas curtas intervenções.
O meu interlocutor seguinte foi o Ricardo que me garantiu já ter decorado a sala e ter as bandeirinhas a postos. Óptimo. Saí e fui ao café desanuviar um bocadinho. 
Ao regressar, constatei que me havia esquecido do telemóvel, o qual se encontrava numa aflição tremenda. E o caso não era para menos. Definitivamente, o comício estava lixado, o melhor era até cancelá-lo. É que, afinal, o homem que contratámos para assar os porcos teve um problema qualquer de saúde e não pode vir. E o diabo é que, como toda a gente sabe, as ideias e os discursos podem ser muito bonitos, mas se não há bifanas e cerveja à borla, ninguém aparece.
Raios parta esta merda. O gajo não podia ter adoecido noutra altura?


 *Este é um texto de ficção. Qualquer eventual semelhança com personagens e eventos reais é mera coincidência.

 OUTRAS AVENTURAS DO CANDIDATO IMAGINÁRIO:
 Ganho pouco
Uma equipa de gente séria
Sondagens marteladas

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Ganho pouco

DIÁRIO DE UM CANDIDATO IMAGINÁRIO (*)
 
Não sou uma pessoa muito simpática. Por natureza, sou até pouco sociável, um autêntico bicho do mato. Mas ninguém diria, pois sou um mestre na arte de disfarçar os meus sentimentos. Em público mostro-me sempre bem-disposto, aperto as mãos com convicção e um sorriso nos lábios aos homens que se me apresentam pela frente e distribuo beijos sem fim às senhoras. 
Também não sou um homem de fé, mas estou sempre batido nas missas, nas procissões e, nesta altura do campeonato, até nos funerais. 
Não percebo nada de economia, mas quem me ouve falar durante dois minutos fica, imediatamente, convencido da minha competência na matéria e que tenho as soluções mágicas para resolver a grave situação financeira da Câmara e, quiçá, do próprio país.
Modéstia à parte, sou um excepcional actor. Por isso é que me revolto sempre que ouço tiradas populistas do género dos políticos ganharem demasiado. Admito que isso seja verdade em relação a alguns colegas, mas, no que me diz respeito, acho que recebo infinitamente menos do que mereço. E é fácil fazer as contas. Comparados comigo, o Robert de Niro e a Julia Roberts são actores fraquinhos ou, vá lá, de talento mediano. E se exigem uns cinco ou seis milhões de dólares por cada filme que protagonizam, eu deveria ganhar, pelo menos, aí uns 10 milhões por cada campanha eleitoral que faço.

 *Este é um texto de ficção. Qualquer eventual semelhança com personagens e eventos reais é mera coincidência.

 OUTRAS AVENTURAS DO CANDIDATO IMAGINÁRIO
Uma equipa de gente séria
Sondagens marteladas

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Uma equipa de gente séria

DIÁRIO DE UM CANDIDATO IMAGINÁRIO (*)
Tenho um grande orgulho na minha equipa que bate, de longe, as de todas as outras candidaturas. É, para começar, a mais representativa. Temos pessoas de todas as freguesias, ligadas às colectividades, aos clubes, à vida comunitária e cultural. Temos candidatos de todos os estratos etários, dos 18 aos 85 anos! Temos representantes de todas as classes sociais: gente abastada, empresários de sucesso, doutores, engenheiros, mas também pedreiros, carpinteiros e desempregados. Tudo gente séria, que está nesta equipa de forma desinteressada, por amor à terra, para tentar melhorar o ambiente, os espaços verdes, a educação, o trânsito, para ajudar a trazer empresas e empregos para o concelho. É gente que me enche de orgulho. Muita gente, mesmo. No total, julgo que serão mais de uma centena. Com a ajuda de tantos esforçados cidadãos, não tenho dúvidas que vou ganhar as eleições. O pior vai ser depois, quando começarem a bater-me à porta para pedir uns tachos para eles, para os filhos, para os sobrinhos, para as mulheres ou para as amantes…

 *Este é um texto de ficção. Qualquer eventual semelhança com personagens e eventos reais é mera coincidência.

 OUTRAS AVENTURAS DO CANDIDATO IMAGINÁRIO
Sondagens marteladas

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Sondagens marteladas

DIÁRIO DE UM CANDIDATO IMAGINÁRIO (*)

Com as eleições a aproximarem-se,  já cá faltava a clássica jogada das sondagens marteladas. Um dos nossos adversários anda por aí a espalhar aos quatro ventos que tem uma que lhe dá maioria absoluta. Esta gente, ao fim de quase 40 anos de democracia, ainda não aprendeu nada. Como se as pessoas ainda caíssem neste embuste. Uma candidatura que não tem equipas minimamente dignas, que não tem ideias, não tem projectos, enfim, que não tem nada… Como se não estivesse na cara que se ficar em quarto lugar já é muito bom. Agora, pagarem uma pseudo-sondagem que lhes dá a vitória não lembra ao diabo.
Isto é um tipo de jogada que podia resultar há 10 ou 20 anos atrás. Mas agora? Pelo amor de Deus, as pessoas já não são parvas! Mas, pelo sim, pelo não, vou já encomendar uma que também me dê maioria absoluta.


 *Este é um texto de ficção. Qualquer eventual semelhança com personagens e eventos reais é mera coincidência.

 OUTRAS AVENTURAS DO CANDIDATO IMAGINÁRIO

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

O raio da Comissão Nacional de Eleições é que não deve ir na conversa

DIÁRIO DE UM CANDIDATO IMAGINÁRIO (*) 

Acabei de vir de uma acção de campanha que correu bastante bem. A adesão às nossas propostas é cada vez maior, pelo que conseguimos despachar muito rapidamente todos os isqueiros, balões, bonés, t-shirts e canetas que tínhamos para oferecer.
Com essa parte resolvida, abancámos num restaurante e aproveitámos para ver a bola na televisão. Ao longo das horas seguintes, entre uma garfada de cozido à portuguesa e um copo de bom vinho da adega local, fomos comentando os erros do árbitro, discutindo sobre se o bom arranque do Sporting é um acidente e se, no Benfica, o Jesus consegue chegar ao Natal. Foi uma boa jornada de trabalho em que se falou de tudo menos de política, o que, nesta altura do campeonato, sabe bastante bem.
Minto. No final, já na rua, e à procura do carro, ainda trocámos impressões sobre duas ou três formas de lixar os anormais dos nossos concorrentes. E o Rui, sob o efeito do álcool, saiu-se com uma parvoíce das suas, o que não é de espantar. Dizia ele que é um desperdício andar a oferecer t-shirts e demais traquitanas às pessoas sem exigir nada em troca. Devia-se era gastar o dinheiro numa dúzia de computadores portáteis ou tablets para sortear depois das eleições entre os que votassem em nós. “E como é que se conseguia saber isso?”, perguntou o Xico. “Muito simples”, respondeu o outro, “após fazerem a cruz, as pessoas fotografavam, com o telemóvel, o boletim de voto que depois apresentavam como prova”. Toda a gente se riu do gajo, mas, agora, pensando bem, era capaz de não ser má ideia. O raio da Comissão Nacional de Eleições é que não deve ir na conversa.

*Este é um texto de ficção. Qualquer eventual semelhança com personagens e eventos reais é mera coincidência.

 OUTRAS AVENTURAS DO CANDIDATO IMAGINÁRIO

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Não se pode exterminá-los?

DIÁRIO DE UM CANDIDATO IMAGINÁRIO (*)
A entrevista na rádio correu bem. Mal saí do estúdio comecei a receber chamadas que confirmavam isso mesmo. O Jorge, o Armando, a Cátia e muitos outros fizeram questão de me felicitarem pela prestação. É gente isenta, que não mente e em cuja opinião posso confiar. É claro que por irem todos na minha lista, os más-línguas habituais poderão maldosamente alegar que estavam a dar graxa ao chefe. Mas eu sei que não é assim.
O que me irritou um pouco foi a tendência do entrevistador para cortar-me o raciocínio. É difícil passar uma mensagem quando nos estão a interromper... de dez em dez minutos. Ainda por cima com perguntas parvas e conclusões mais do que abusivas.
Por exemplo, ao longo dos anos sempre tenho criticado os gastos exagerados da câmara e a contratação, por parte do partido do poder, de um verdadeiro exército de boys, amigos e familiares. Pois bem, baseado nisso, o jornalista parece que queria que eu dissesse que ia fazer despedimentos, de forma a correr com essa gente, baixando, assim, os custos da autarquia. É claro que lhe dei a volta e contra-ataquei com o argumento clássico de que é preciso é motivar os funcionários para que trabalhem melhor e prestem um serviço de maior qualidade à população. Não sou suicida para vir assumir despedimentos a poucas semanas das eleições e correr o risco de perder centenas ou, mesmo, milhares de votos.
Mas o raio do homem fartou-se de insistir na pergunta, o que só me levou a consolidar a ideia de que as entrevistas  - pelo menos, comigo - funcionariam muito melhor se não tivessem entrevistadores jornalistas. É uma raça que não interessa nem ao menino Jesus.

*Este é um texto de ficção. Qualquer eventual semelhança com personagens e eventos reais é mera coincidência.

 OUTRAS AVENTURAS DO CANDIDATO IMAGINÁRIO

domingo, 8 de setembro de 2013

O grande negócio das privatizações

Os CTT tiveram mais de 30 milhões de euros de lucros no 1º trimestre.  Dando de barato que no segundo semestre há uma quebra, imaginemos que fecha o ano com  50 milhões de lucro, que revertem a favor do seu único acionista, o Estado português. Se a média anual continuar a ser esta, nos próximos 10 anos, entrariam nos cofres públicos 500 milhões de euros vindos dos CTT. Já não vão entrar, porque a empresa vai ser privatizada. Os trocados que a operação render vão direitinhos para alguns banqueiros que nos emprestaram dinheiro e, a partir daí, todo o lucro que os CTT fizerem vão para mãos privadas. Mais um grande negócio em perspectiva, tal como foram os da GALP, EDP, REN e por aí fora.

(Opinião, Jorge Eusébio)

sábado, 7 de setembro de 2013

A alegria das festas populares

DIÁRIO DE UM CANDIDATO IMAGINÁRIO (*)

Estou cansado, mas satisfeito. Só nos últimos dois dias, passei por quatro festas populares e contactei com muitas centenas de potenciais eleitores. Gosto à brava deste tipo de eventos, de falar com o povo, das palmadinhas nas costas, das imperiais, da sangria, das bifanas e sardinhadas, da música popular e de mostrar os meus dotes de dançarino. E de tirar fotografias de toda esta actividade para mostrar no Facebook. Enfim, na verdade, até não aprecio nada disto, mas estamos em campanha... E até dia 29, ainda vou ter de passar por mais cerca de três dezenas de festarolas, parece que, no concelho, não se faz mais nada. E depois admiram-se das coisas estarem como estão.
Juro que, se depois deste sacrifício brutal, não ganho as eleições, ainda dou um tiro em alguém.

Arquivo 'O Candidato Imaginário':

*Este é um texto de ficção. Qualquer eventual semelhança com personagens e eventos reais é mera coincidência.

A pensar no sentido da vida

 A Dª Maria Amélia atarefada numa das suas ocupações favoritas: descansar.


 


quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Gente de princípios

DIÁRIO DE UM CANDIDATO IMAGINÁRIO (*)

Chamo-me Vicente e sou candidato à presidência da Câmara. Hoje consegui finalmente reunir-me com o Armindo, um tipo popular e influente no concelho. Vale muitos votos, por isso, há muito tempo que andava a tentar garantir o seu apoio. Encontrámo-nos na minha sede de campanha e falámos durante quase uma hora. Melhor, falou ele. Lembrou os tempos pós-25 de Abril, o tipo de campanha que se fazia, as razões que o levaram a romper com o partido e a ficar desiludido com a política. É um indivíduo interessante, mas que fala demais. Felizmente, também fuma bastante e aproveitei uma pausa que fez para acender mais um cigarro para lhe ‘vender o meu peixe’. Comecei por lhe falar da malta que faz parte da minha equipa, dando especial destaque a dois ou três que sabia serem seus amigos. Não obtive grande reacção e passei à apresentação do programa eleitoral. Aqui e ali acenava com a cabeça, o que me indicava estar no bom caminho. Acertei, pois, poucos minutos depois, garantiu que me apoiava e que participaria na campanha a meu lado. Pelos vistos, tinha gostado dos nomes da equipa e do programa eleitoral. E, provavelmente, também apreciou um bocadinho que lhe tivesse garantido emprego ao filho na Câmara, assim que fosse eleito presidente.

*Este é um texto de ficção. Qualquer eventual semelhança com personagens e eventos reais é mera coincidência.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Político dá música

Desafiado por David Antunes, o actual presidente da Câmara do Cartaxo e candidato independente nestas autárquicas, Paulo Varanda, subiu ao palco e deu uma de cantor.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Pode ser que isto melhore depois de virem da praia

O período que antecede as autárquicas é óptimo para jornalistas e políticos 'confraternizarem'. Normalmente são confraternizações que tomam a forma de discussões bem feias ou andam lá próximo. Por regra, por causa de algo que os jornalistas disseram ou escreveram e não caíram bem no estômago dos políticos que, por esta altura, se sentem particularmente sensíveis e a precisar de muito carinho.
Lembro-me, por exemplo, de, há oito anos, estar a preparar-me para jantar em casa de uns amigos e receber uma chamada do presidente de uma concelhia. A criticar-me, à bruta, por algo que tinha escrito. Já não me lembro dos pormenores, mas deve ter sido um assunto muito grave, porque levou para aí uma hora a dar-me seca. Ou, mais provavelmente, seria uma merdice qualquer (uma pintelhice, diria Eduardo Catroga) e o homem levou tanto tempo para dizer o que tinha para dizer porque é político e os políticos são seres superiores no que diz respeito à nobre arte de falar muito para dizer quase nada. O que sei é que me lixou a refeição, que já estava fria quando consegui pegar no garfo e na faca. Mas Deus castigou-o e fê-lo perder as eleições.
Há quatro anos, tinha acabado de chegar ao Cartaxo, ainda não conhecia os cantos à casa e, pimba, levei com um primeiro comunicado de um partido político a criticar-me. E, pouco tempo depois, lá veio o segundo, a mandar-me abaixo. Aquela malta apreciava-me muito, na altura!
Este ano, as coisas estão mais calmas, ainda só tive dois ou três diálogos algo 'estimulantes' com políticos, mas, ainda assim, civilizados. Pode ser que isto melhore depois de virem da praia.

(Opinião, Jorge Eusébio)

domingo, 25 de agosto de 2013

Coisa pouca...

Acho uma injustiça o destaque que a Forbes deu à Jerónimo Martins, considerando-a uma das empresas mais inovadoras do mundo. Há uma empresa portuguesa que merece muito mais ser considerada uma das mais inovadoras... a lixar os portugueses: a EDP. Consegue cobrar-nos a electricidade das mais caras da Europa e ainda por cima convencer os sucessivos governos que devia ser mais elevada. Daí resulta o célebre défice tarifário, que é uma dívida que o Estado assume ter para com a EDP e que já vai em 3 ou 4 mil milhões de euros. Coisa pouca...

(Opinião, Jorge Eusébio)

sábado, 24 de agosto de 2013

O abandono dos campos e os incêndios

Uma das situações que potenciam o aparecimento de tantos fogos e o seu alastramento sem controlo é a desertificação dos campos e florestas. Acabaram com a agricultura de subsistência para dar mercado aos grandes produtores e grandes superfícies comerciais. Não contentes com isso, inventaram os planos directores, Rede Natura, Reserva Ecológia, Reserva Agrícola e sei lá mais o quê. Como consequência deixou de se poder construir habitação e criar empresas em cerca de 90% do território nacional. Uma família que viva no campo e queira fazer uma casa ao lado da sua ou mesmo um simples anexo para o filho e netos se manterem ali não pode, para não estragar a natureza. Em face disso, toda a gente teve de abalar, ao longo das últimas décadas, para os grandes centros urbanos, onde o preço por metro quadrado dos terrenos disparou (por não se poder construir em mais lado nenhum), dando, com isso, lucros brutais aos seus donos, a agências e promotores imobiliários e aos bancos que eram quem lhes emprestava dinheiro. Os campos ficaram abandonados, sem gente que deles tratasse, limpasse o pasto, instalasse pontos de água e corta-fogos. A consequência desgraçada desta história é a que assistimos todos os dias.

(Opinião, Jorge Eusébio)

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

O desafio de Pedro Ribeiro

O PS sempre foi o partido maioritário no Cartaxo e o seu candidato à presidência da Câmara, Pedro Ribeiro, certamente que está a fazer tudo para que isso se mantenha. No entanto, o processo que levou à ruptura com Paulo Varanda e o seu aparecimento como candidato independente leva a que o resultado final destas eleições autárquicas seja uma completa incógnita.

A seu favor, Pedro Ribeiro conta com o peso, a estrutura e, sobretudo, o símbolo do PS, no qual a maioria dos cartaxeiros está habituada a votar. Conseguiu, ainda, ir buscar para o seu lado os antigos presidentes de Câmara (com a óbvia excepção de Paulo Caldas) e, inclusivamente, presidentes de Junta que, em determinada fase da luta interna, pareceram estar do lado de Paulo Varanda. A ajudá-lo na corrida eleitoral estão José António Sobreira (cabeça-de-lista em Pontével), Manuel Luís Salgueiro e Luís Nepomuceno (que fazem parte das listas do Cartaxo/Vale da Pinta e Vila Chã de Ourique, respectivamente). Conta com uma equipa dedicada, coesa e organizada, o que fez com que a sua fosse a candidatura que primeiro se apresentou, inaugurou a sede e entregou as listas no Tribunal. É também justo dizer que é o candidato que mais tem exposto as suas ideias e projectos.

A anterior passagem de Pedro Ribeiro pela Câmara é, ao mesmo tempo, um ponto a seu favor e uma desvantagem. Deu-lhe experiência, conhecimento dos dossiers e da máquina, pelo que, se ganhar, sabe aquilo com que conta e não precisará de muito tempo para se 'ambientar'. Mas faz com que a oposição lhe lance críticas, dizendo que, tendo feito parte da equipa dirigente da autarquia, é também responsável pelo estado a que chegou o município. A isto o candidato do PS responde que saiu por discordar do rumo que Paulo Caldas estava a seguir e que viu, com grande antecedência, quais os resultados que daí adviriam. O facto de, ao longo de todo o tempo em que foi presidente do PS/Cartaxo, não ter retirado a confiança política, primeiro a Paulo Caldas e depois a Paulo Varanda, é outro dos argumentos esgrimidos pelos seus adversários para responsabilizá-lo. No fundo, o grande desafio de Pedro Ribeiro, ao longo desta campanha, vai ser rebater estas acusações e conseguir convencer os cartaxeiros de que não tem qualquer responsabilidade pela situação a que chegou o município. E também convém que mostre ter soluções para resolvê-la.

Fica assim completa a minha apreciação aos pontos fortes e fracos das seis candidaturas. No próximo dia 29 de Setembro vamos, então, saber qual foi a mais eficaz a passar a sua mensagem e a conquistar a maioria do eleitorado.

(Opinião, Jorge Eusébio)

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

PSD acredita que é chegada a sua hora

As divisões surgidas no PS/Cartaxo, que levaram ao aparecimento de duas candidaturas oriundas dessa área política, dão alguma esperança ao PSD de que desta vez poderá chegar ao poder no concelho.
Com esse objectivo, os social-democratas foram buscar para candidato o seu elemento de maior experiência e traquejo político, Vasco Cunha. Uma decisão que tinha um risco potencial: a possibilidade de Paulo Neves, o homem que foi candidato há quatro anos, bater com a porta e apoiar ou ir de malas aviadas para outra candidatura, o que enfraqueceria bastante o PSD. Isso acabou por não acontecer, Paulo Neves aceitou ir na lista para a Câmara, na segunda posição, o que é um trunfo.

O problema maior que, na minha opinião, se coloca à candidatura 'laranja' decorre da situação nacional. O país está a miséria que se conhece e, sendo o PSD o principal partido do Governo, é expectável que muita gente se sinta tentada a aproveitar as autárquicas para mostrar o seu desagrado, dando o voto a outro partido. Consciente dessa possibilidade, Vasco Cunha optou por encher as listas de gente sem filiação política e até de militantes socialistas, para dar uma ideia de abrangência e tentar enfraquecer o PS. A freguesia em que essa estratégia é mais visível é Vale da Pedra, em que a candidata do PSD à junta era até há bem pouco tempo uma conhecida militante socialista e apoiante de Pedro Ribeiro.
Um dos obstáculos com que Vasco Cunha e a sua equipa certamente não esperavam deparar-se é o aparecimento, à última hora, de uma candidatura do CDS. Não é previsível que consiga muitos votos, tendo em conta o seu tradicional peso no concelho, mas os que conseguir serão, em grande medida, ‘roubados’ ao PSD. E numas eleições tão disputadas como estas parecem vir a ser, esta transferência de votos pode revelar-se decisiva.

Até agora, o PSD tem feito uma campanha em que tenta mostrar o panorama negativo que, na sua opinião, resultou de tantos anos de governação socialista. Mas, parece-me que só isso não chega. Os cidadãos do concelho têm perfeita consciência da situação actual e querem é ideias e soluções para melhorar o panorama. É essa a resposta que os partidos – no caso concreto, o PSD – têm de dar, no tempo que falta para as eleições autárquicas.

(Opinião, Jorge Eusébio)

 

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

CDU corre para ser o fiel da balança

Depois de, numa primeira fase, ter garantido não ser candidato, Mário Júlio Reis volta a dar a cara pela CDU e a assumir-se como candidato à presidência da Câmara.
Não estará nos seus planos a vitória, tendo em conta a sua força tradicional no concelho, não é previsível que saia a sorte grande eleitoral à CDU, mas há uma forte probabilidade de conseguir a terminação. Com seis candidaturas no terreno, muito dificilmente alguém conseguirá maioria absoluta na Câmara, pelo que, se voltar a ser eleito vereador, a palavra e as propostas de Mário Júlio ganharão uma força bem maior daquela que agora tem, uma vez que o seu voto poderá passar a ser decisivo.
Essa perspectiva dará naturalmente ânimo reforçado à candidatura da CDU, apesar do aparecimento de última hora do Bloco de Esquerda que agarra alguns votos de protesto, os quais, caso não concorresse, teriam, em boa medida, como destino a lista encabeçada por Mário Júlio. No entanto, para ter hipóteses de sucesso, a sua candidatura tem de sair para o terreno e esforçar-se por transmitir a sua mensagem e ideias, uma vez que o voto ideológico já não é o que era e, havendo tantas candidaturas, corre o risco de alguma ou algumas delas lhe entrarem no seu eleitorado tradicional.
No cenário de não haver maioria absoluta, tendo em conta a moderação e a facilidade de diálogo de Mário Júlio, em princípio, a governabilidade ficará assegurada, seja qual for a candidatura que obtenha maior número de votos.
Mas, como não há almoços grátis, vamos ver qual será a 'factura' que a CDU apresentará. Recordo que aquela coligação votou contra em matérias fundamentais, como a concessão das águas e a adesão do município ao PAEL e Reequilíbrio Financeiro. A concessão das águas está feita, como sabemos, e o PAEL e o Reequilíbrio, provavelmente, também serão (assim se espera) assuntos arrumados até às eleições. Será que, caso reforce o seu peso no executivo, a CDU vai dizer que não há nada a fazer em relação a estes temas ou vai bater o pé e exigir algumas alterações, sobretudo ao nível da água? E caso opte por essa atitude, que bandeiras lhe restam para mostrar aos seus eleitores, de forma a dizer-lhes que valeu a pena o voto na CDU, pois consegue influenciar a gestão municipal?
Aliás, este vai o grande desafio da própria campanha eleitoral. A CDU vai ter de convencer os cartaxeiros de que tem algo de muito relevante a dar à gestão municipal, caso passe a ser o fiel da balança.

(Opinião, Jorge Eusébio)

sábado, 17 de agosto de 2013

Um pormenor sem grande importância

A Comissão Nacional de Eleições (CNE) parece ter tomado em mãos a tarefa de salvar a democracia lusa, seja lá isso o que for. Por esse motivo, está muito atenta à forma como a comunicação social trata as candidaturas autárquicas. E transmite-lhes instruções muito claras e rigorosas sobre como devem fazer a cobertura das eleições. Num dos seus comunicados, mostra-se especialmente preocupada com a maneira como decorrerão os debates entre elementos das diversas candidaturas. Lembra que todas devem ter o mesmo tratamento e que, no que aos debates diz respeito, "os órgãos de comunicação social devem assegurar que aqueles se realizem com a participação de representantes de todas as candidaturas". Mas, magnânime, mais à frente, admite que sejam eles a determinar a forma como devem decorrer, mas, atenção, com a consensualização de todas as candidaturas e desde que não haja oposição de nenhuma delas.

Para começar, gostava de saber como é que um órgão de comunicação social pode "assegurar" que todas as candidaturas marquem presença nos debates. Vai contratar uns seguranças para irem buscar os representantes de cada uma para que não faltem? Pede à PSP ou à GNR para prestar esse serviço? E quanto ao formato e regras dos debates, desde que haja uma única candidatura que não concorde e por esse motivo decida ficar de fora, já não se podem realizar? Ou então os órgãos de comunicação avançam na mesma, correndo o risco de levarem com umas valentes coimas em cima?
O que a CNE devia dizer é que é obrigação dos órgãos de comunicação social informar todas as candidaturas da existência de debates e convidá-las para participarem. A partir daí, devia ser  problema de cada uma aparecer ou não, sem que daí adviessem penalizações para o órgão em causa.
Assim, o que se passa é que um pequeno partido que vale, por exemplo, 3 por cento do eleitorado, pode bloquear a realização de debates, com isso prejudicando todos os restantes partidos (que valem só 97%) e, mais grave do que isso, a população.

É claro que, teoricamente, todas as candidaturas estarão interessadas em participar em debates. Mas, na prática, há algumas que não têm propostas, só concorrem por uma questão de birra ou para dizer que estão vivas. Outras, não têm equipa para defender as suas propostas. E, sobretudo, agora, no Verão, até há quem queira salvar o concelho, mas desde que isso não implique ter que participar num debate chato em vez de ir à praia.
Com estas determinações fundamentalistas e mal amanhadas, o que a CNE está a arranjar é que muitos órgãos de comunicação social optem por não fazer debates. Dessa forma, tratam todas as candidaturas de igual modo (não ouvem nenhuma), como se pretende e fica salva a democracia lusa. É claro que os eleitores não são informados das propostas de cada candidatura, mas isso é um pormenor sem grande importância.

(Opinião, Jorge Eusébio)

domingo, 11 de agosto de 2013

Paulo Varanda, o outsider

Paulo Varanda é, na minha opinião, um dos três mais fortes candidatos à vitória nestas autárquicas, no Cartaxo. A seu favor tem o facto de ser presidente da Câmara, o que lhe permite estar permanentemente no terreno, aparecendo nos eventos em posição de destaque. Uma circunstância que aproveita bem, pois tem facilidade no contacto pessoal, parece-me, aliás, que é o candidato que está mais à-vontade nesta vertente.
Como presidente de Câmara também imagino que esteja a fazer o possível e o impossível para conseguir tirar alguns coelhos da cartola ainda antes das eleições. Por exemplo, conseguir a inauguração da nova Esquadra da PSP ou do Centro Escolar. Ou ainda desbloquear o processo do reequilíbrio financeiro e do PAEL, obtendo, dessa forma, algum dinheiro fresco para pagar dívidas a fornecedores.
Não é, contudo, seguro que o consiga fazer até 29 de Setembro. Não só por problemas e dificuldades inerentes a esses dossiers, mas também por ser um outsider e não ter nenhum dos partidos do centrão a ajudá-lo nessas tarefas. O mais provável é que aconteça exactamente o contrário, ou seja, que esses dois partidos tentem mover as suas influências aos mais diversos níveis para fazer deslizar a concretização destas aspirações, de forma a que ele fique mal na fotografia.
Outro dos trunfos de Paulo Varanda é ter alguns apoios fortes nas freguesias, em especial de três ou quatro presidentes de Junta, que conseguem uma mobilização grande a seu favor quando é necessário. Isso viu-se aquando da apresentação da sua candidatura, da inauguração da sede de campanha e também no elevado números de assinaturas recolhidas.
Pela negativa, destaca-se o facto de não ter uma estrutura partidária batida em campanhas, notando-se, por vezes, algumas lacunas ao nível da comunicação da sua candidatura. Mas o que pode trazer-lhe mais problemas na hora do depósito dos votos nas urnas é não ter um símbolo partidário conhecido. Em especial, o do PS que vale ouro no Cartaxo.

(Opinião, Jorge Eusébio)

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

A vitória do Bloco de Esquerda

O voluntarismo do cabeça-de-lista do Bloco de Esquerda à Câmara, Francisco Colaço, leva-o a dizer que concorre para ganhar, mas, obviamente, ninguém (nem sequer ele próprio, com certeza) leva a sério essa afirmação. Trata-se, imagino, muito mais de uma forma de transmitir ânimo e ambição às 'tropas' do que qualquer outra coisa. É que, actualmente, o Bloco é a 4ª força política do concelho do Cartaxo e não se vislumbram razões que nos façam pensar que pode vir a subir no ranking e logo para o 1º lugar.
O partido surge até algo debilitado, devido ao anúncio surpreendente dos seus representantes na Assembleia Municipal de que não iriam nas listas. E é sobretudo surpreendente porque Pedro Mendonça e Odete Cosme fizeram a oposição mais dura a este executivo municipal, tiveram grande protagonismo na questão da contestação ao tarifário da água e forçaram a realização do referendo sobre o estacionamento. Era, pois, natural que concorressem para colher os louros do trabalho realizado e, se o fizessem, o Bloco poderia ter aspirações a melhorar o seu resultado eleitoral. Daí que tenha sido uma surpresa a decisão de atirarem a toalha ao chão, o que, seguramente, constituiu um balde de água fria para os dirigentes bloquistas. A tal ponto que, durante algum tempo, se admitiu a não comparência do partido ao acto eleitoral. Desde logo, nos meios políticos se começou a discutir sobre qual seria o partido que mais beneficiaria dessa circunstância, chegando-se, geralmente, à conclusão de que seria o PS. Eu, por acaso, não acho. O votante típico do Bloco é alguém crítico da governação local e, por isso, não iria votar em Paulo Varanda. Alguns poderiam realmente votar no PS, mas outros recusar-se-iam a dar confiança ao partido que sempre governou o concelho, de uma forma da qual discordam. Outra opção seria o PSD, mas aí muita gente se lembraria do que aquele partido tem feito a nível nacional e teriam alguma relutância em votar no partido, embora tratando-se de uma eleição local. Por exclusão de partes, penso que, caso o Bloco não fosse a votos, seria a CDU a beneficiar mais em termos eleitorais.
Mas, afinal, o Bloco acabou mesmo por se apresentar ao acto eleitoral  (à Câmara, Assembleia e União das Freguesias Cartaxo/Vale da Pinta) e o simples facto de tê-lo conseguido fazer nestas circunstâncias, pode, de alguma forma, ser considerado uma vitória.

(Opinião, Jorge Eusébio)