segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Pode ser que isto melhore depois de virem da praia

O período que antecede as autárquicas é óptimo para jornalistas e políticos 'confraternizarem'. Normalmente são confraternizações que tomam a forma de discussões bem feias ou andam lá próximo. Por regra, por causa de algo que os jornalistas disseram ou escreveram e não caíram bem no estômago dos políticos que, por esta altura, se sentem particularmente sensíveis e a precisar de muito carinho.
Lembro-me, por exemplo, de, há oito anos, estar a preparar-me para jantar em casa de uns amigos e receber uma chamada do presidente de uma concelhia. A criticar-me, à bruta, por algo que tinha escrito. Já não me lembro dos pormenores, mas deve ter sido um assunto muito grave, porque levou para aí uma hora a dar-me seca. Ou, mais provavelmente, seria uma merdice qualquer (uma pintelhice, diria Eduardo Catroga) e o homem levou tanto tempo para dizer o que tinha para dizer porque é político e os políticos são seres superiores no que diz respeito à nobre arte de falar muito para dizer quase nada. O que sei é que me lixou a refeição, que já estava fria quando consegui pegar no garfo e na faca. Mas Deus castigou-o e fê-lo perder as eleições.
Há quatro anos, tinha acabado de chegar ao Cartaxo, ainda não conhecia os cantos à casa e, pimba, levei com um primeiro comunicado de um partido político a criticar-me. E, pouco tempo depois, lá veio o segundo, a mandar-me abaixo. Aquela malta apreciava-me muito, na altura!
Este ano, as coisas estão mais calmas, ainda só tive dois ou três diálogos algo 'estimulantes' com políticos, mas, ainda assim, civilizados. Pode ser que isto melhore depois de virem da praia.

(Opinião, Jorge Eusébio)

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