quinta-feira, 8 de agosto de 2013

A vitória do Bloco de Esquerda

O voluntarismo do cabeça-de-lista do Bloco de Esquerda à Câmara, Francisco Colaço, leva-o a dizer que concorre para ganhar, mas, obviamente, ninguém (nem sequer ele próprio, com certeza) leva a sério essa afirmação. Trata-se, imagino, muito mais de uma forma de transmitir ânimo e ambição às 'tropas' do que qualquer outra coisa. É que, actualmente, o Bloco é a 4ª força política do concelho do Cartaxo e não se vislumbram razões que nos façam pensar que pode vir a subir no ranking e logo para o 1º lugar.
O partido surge até algo debilitado, devido ao anúncio surpreendente dos seus representantes na Assembleia Municipal de que não iriam nas listas. E é sobretudo surpreendente porque Pedro Mendonça e Odete Cosme fizeram a oposição mais dura a este executivo municipal, tiveram grande protagonismo na questão da contestação ao tarifário da água e forçaram a realização do referendo sobre o estacionamento. Era, pois, natural que concorressem para colher os louros do trabalho realizado e, se o fizessem, o Bloco poderia ter aspirações a melhorar o seu resultado eleitoral. Daí que tenha sido uma surpresa a decisão de atirarem a toalha ao chão, o que, seguramente, constituiu um balde de água fria para os dirigentes bloquistas. A tal ponto que, durante algum tempo, se admitiu a não comparência do partido ao acto eleitoral. Desde logo, nos meios políticos se começou a discutir sobre qual seria o partido que mais beneficiaria dessa circunstância, chegando-se, geralmente, à conclusão de que seria o PS. Eu, por acaso, não acho. O votante típico do Bloco é alguém crítico da governação local e, por isso, não iria votar em Paulo Varanda. Alguns poderiam realmente votar no PS, mas outros recusar-se-iam a dar confiança ao partido que sempre governou o concelho, de uma forma da qual discordam. Outra opção seria o PSD, mas aí muita gente se lembraria do que aquele partido tem feito a nível nacional e teriam alguma relutância em votar no partido, embora tratando-se de uma eleição local. Por exclusão de partes, penso que, caso o Bloco não fosse a votos, seria a CDU a beneficiar mais em termos eleitorais.
Mas, afinal, o Bloco acabou mesmo por se apresentar ao acto eleitoral  (à Câmara, Assembleia e União das Freguesias Cartaxo/Vale da Pinta) e o simples facto de tê-lo conseguido fazer nestas circunstâncias, pode, de alguma forma, ser considerado uma vitória.

(Opinião, Jorge Eusébio)

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