segunda-feira, 19 de agosto de 2013

CDU corre para ser o fiel da balança

Depois de, numa primeira fase, ter garantido não ser candidato, Mário Júlio Reis volta a dar a cara pela CDU e a assumir-se como candidato à presidência da Câmara.
Não estará nos seus planos a vitória, tendo em conta a sua força tradicional no concelho, não é previsível que saia a sorte grande eleitoral à CDU, mas há uma forte probabilidade de conseguir a terminação. Com seis candidaturas no terreno, muito dificilmente alguém conseguirá maioria absoluta na Câmara, pelo que, se voltar a ser eleito vereador, a palavra e as propostas de Mário Júlio ganharão uma força bem maior daquela que agora tem, uma vez que o seu voto poderá passar a ser decisivo.
Essa perspectiva dará naturalmente ânimo reforçado à candidatura da CDU, apesar do aparecimento de última hora do Bloco de Esquerda que agarra alguns votos de protesto, os quais, caso não concorresse, teriam, em boa medida, como destino a lista encabeçada por Mário Júlio. No entanto, para ter hipóteses de sucesso, a sua candidatura tem de sair para o terreno e esforçar-se por transmitir a sua mensagem e ideias, uma vez que o voto ideológico já não é o que era e, havendo tantas candidaturas, corre o risco de alguma ou algumas delas lhe entrarem no seu eleitorado tradicional.
No cenário de não haver maioria absoluta, tendo em conta a moderação e a facilidade de diálogo de Mário Júlio, em princípio, a governabilidade ficará assegurada, seja qual for a candidatura que obtenha maior número de votos.
Mas, como não há almoços grátis, vamos ver qual será a 'factura' que a CDU apresentará. Recordo que aquela coligação votou contra em matérias fundamentais, como a concessão das águas e a adesão do município ao PAEL e Reequilíbrio Financeiro. A concessão das águas está feita, como sabemos, e o PAEL e o Reequilíbrio, provavelmente, também serão (assim se espera) assuntos arrumados até às eleições. Será que, caso reforce o seu peso no executivo, a CDU vai dizer que não há nada a fazer em relação a estes temas ou vai bater o pé e exigir algumas alterações, sobretudo ao nível da água? E caso opte por essa atitude, que bandeiras lhe restam para mostrar aos seus eleitores, de forma a dizer-lhes que valeu a pena o voto na CDU, pois consegue influenciar a gestão municipal?
Aliás, este vai o grande desafio da própria campanha eleitoral. A CDU vai ter de convencer os cartaxeiros de que tem algo de muito relevante a dar à gestão municipal, caso passe a ser o fiel da balança.

(Opinião, Jorge Eusébio)

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