terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Os primeiros tempos da Humanitária de Pontével




Afonso Vital e José Inglês da Ponte são dois dos homens que estiveram na origem da Associação Humanitária da Freguesia de Pontével. Tudo começou com a organização das Festas de 1994, por um grupo de Quarentões, do qual faziam parte. Afonso Vital lembra que, na Segunda-feira, “já tínhamos a festa praticamente paga, na Terça-feira actuou o Quim Barreiros e foi a maior enchente de todos os tempos naquelas festas”. Graças a isso, no final, ao fazerem as contas, verificaram que sobrava muito dinheiro e começaram a pensar em como o haviam de aplicar. Um colega teve a ideia de adquirir uma ambulância para a freguesia, os outros concordaram e fez-se o negócio. A ideia original foi que a viatura ficasse ao serviço da Junta de Freguesia. Só que a autarquia “não tinha condições para trabalhar sozinha e pensou-se então em criar uma associação”. Mas quando avançaram com o processo, descobriram que as regras impunham a necessidade de terem mais do que uma ambulância.


Na altura, era Conde Rodrigues o presidente da Câmara e havia prometido, na campanha eleitoral, que, diz José Inglês da Ponte, “destacava para Pontével um núcleo dos Bombeiros”. Foi, então, a uma sessão da Assembleia cobrar essa promessa, a autarquia acabou por oferecer uma segunda ambulância e, assim, já foi possível avançar com a associação e colocá-la a funcionar. Mas, as coisas não foram fáceis nos primeiros tempos. Desde logo, para legalizar a Associação foi “uma burocracia enorme”. Para fazer transporte de doentes era necessário reunir um conjunto grande de condições. Também foi complicado legalizar as ambulância, perdendo-se cerca de dois anos até que todas as situações estivessem totalmente resolvidas. Outra questão que havia que resolver era a da sede. Afonso Vital recorda que ela foi instalada “numa adega velha, nós é que fizemos as obras, de forma a conseguirmos as condições mínimas para poder funcionar”. Uns cinco anos mais tarde, “aumentámos as instalações mais um bocadinho para criar uma pequena camarata e um escritório e estivemos nessas instalações precárias ao longo de 13 anos”. Os dois fizeram parte do núcleo de fundadores e dos primeiros órgãos sociais, ficando José Inglês da Ponte como presidente da Direcção e Afonso Vital como primeiro tesoureiro. A equipa foi, então, “de porta em porta, angariar sócios e fomos muito bem recebidos”. Fizeram questão de deixar bem claro que aquela seria uma instituição de toda a freguesia de Pontével, que “estava um bocado dispersa, em termos de comunicação e relacionamento, e nós tentámos fazer uma associação que abarcasse toda a freguesia”. Isso era visível até na lista dos primeiros corpos sociais que incluía moradores da sede de freguesia e de todos os restantes três núcleos populacionais de maior dimensão.
Mas, naturalmente, que, mesmo nessa altura, ninguém ‘nadava’ em dinheiro e lá voltou o grupo a ir a uma Assembleia Municipal para pedir apoio à Câmara. Ele chegou sob a forma do fornecimento de combustível o, que aliviou os apertos financeiros e possibilitou a continuação da sua actividade.

Uma actividade que já salvou muitas vidas. Algumas, logo no ano da fundação, quando resolveram enviar uma ambulância, para estar de prevenção, num rallye de angariação de fundos, nos Casais Lagartos. José Inglês da Ponte diz que se tratava de uma iniciativa praticamente clandestina, ninguém pediu a colaboração da associação, mas os seus dirigentes tiveram “o bom-senso” de enviar a ambulância. E em boa hora o fizeram, pois “deu-se um acidente muito grave e salvámos muita gente”. 

Os dois confessam estar muito orgulhosos da evolução da instituição que ajudaram a fundar e pedem para que a população continue a apoiá-la. Uma evolução que Afonso Vital tem acompanhado por dentro, ao longo destes 15 anos, uma vez que sempre esteve e se mantém nos órgãos sociais. No entanto, como em tudo na vida, é preciso que haja um “refrescamento” e apela a que outras pessoas se envolvam nos órgãos dirigentes, com “ideias novas e também para dar descanso aos que já cá andam há muitos anos”.
(Reportagem completa na edição 860 do jornal O Povo do Cartaxo)

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