sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Cada cavadela, cada minhoca

Depois de obrigarem, sem perguntar nada a ninguém, as populações de mais de mil freguesias do país a juntarem os trapinhos para viver em união de facto, quer queiram, quer não queiram, os iluminados de Lisboa que tratam da reorganização de freguesias - que foi aprovada há dias - escreveram um novo capítulo nesta novela de fraca qualidade. Agora, a questão está em definir onde ficarão as sedes das freguesias agregadas.  

E, mais uma vez, a batata-quente foi passada para as mãos dos locais que têm de entender-se sobre o assunto. Está-se mesmo a ver que, na maior parte dos casos, cada um tentará puxar a brasa à sua sardinha e, no fim, depois de infindáveis e acaloradas discussões, acordarão apenas que não há acordo. Avança-se então para o plano B, ou seja, vai-se à proposta agora apresentada pelo PSD/CDS (que deverá ser aprovada, pela lógica natural das coisas), a qual já define onde ficam as sedes das freguesias unidas à força, caso não haja acordo.
No que ao concelho do Cartaxo diz respeito, o documento prevê que a sede da união de freguesias Cartaxo/Vale da Pinta fique em Vale da Pinta e a da Lapa/Ereira, na Ereira.
É previsível a ‘guerra’ que estas sábias decisões, que devem ter sido tomadas pelo infalível e inatacável método da moeda ao ar, vão provocar. O Cartaxo é sede de concelho e alberga à volta de metade da população total do mesmo, a qual passará a ter de deslocar-se a Vale da Pinta, caso tenha algum assunto para tratar na Junta.
Também na Lapa não deverá ser vista com bons olhos a decisão da sede ficar na Ereira. Por razões históricas e também populacionais. A Lapa tem mais gente do que a Ereira e, há muitos anos, as duas populações decidiram, tranquilamente e sem dramas, separar-se.
Mais uma vez, esta é uma reforma, melhor dizendo, uma autêntica trapalhada, que vem fomentar rivalidades e problemas que há muito deixaram de fazer sentido. Enquanto estes inteligentes de Lisboa não conseguirem colocar todas as pessoas umas contra as outras não descansam.

(Opinião, Jorge Eusébio)

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