sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Mau tempo político

Hoje é dia de mau tempo. E ontem também. E na última semana. Aliás, desde há uns tempos a esta parte, se calhar, alguns anos, que o mau tempo não desaparece. Não estou a falar no mau tempo meteorológico, estou a referir-me ao mau tempo político. Em especial, no PS/Cartaxo. Cumpriu-se aquilo que era previsível há longo tempo, mas que, aparentemente, terá apanhado de surpresa alguns políticos que esperavam que, por obra e graça do Espírito Santo, e provavelmente também por influência da quadra natalícia, as duas facções desavindas, de repente, caíssem nos braços uma da outra. Não é assim que, na vida real, as coisas se processam.
No caso concreto, por várias razões, das quais destaco uma, é que há dois galos para um único poleiro. Paulo Varanda e Pedro Magalhães Ribeiro querem ambos ser presidentes de Câmara, mas o lugar é só um. E, quem segue minimamente a política local, facilmente chegaria à conclusão de que nenhum deles aceitava ser número dois do outro. Paulo Varanda, obviamente, não estaria disposto a sair do lugar de presidente para ir numa lista em posição secundária. E Pedro Magalhães Ribeiro já deu para o peditório de ser vice-presidente. Já passou por isso, não é algo que o estimule, até porque essa história acabou por não ter final feliz.


E, portanto, não sendo possível o entendimento entre as duas partes neste aspecto essencial, nem valia a pena andar a discutir arranjos nas listas nos lugares imediatos. De forma que, chegando-se à terça-feira passada, rebentou a trovoada. Paulo Varanda resolveu não ir às directas, o seu exército ficou em casa e Pedro Magalhães Ribeiro lá foi a votos sozinho.
A questão que se coloca é o que vai acontecer de seguida. Muito francamente, não sei. Parece-me que o cenário mais lógico seria Paulo Varanda cumprir o mandato até ao fim e depois avançar como independente, juntando na sua equipa gente do PS que lhe é fiel e pessoas ligadas a outras áreas políticas. Mas também pode demitir-se. Acho que se tivesse a certeza de que, com isso, haveria eleições logo de seguida, era o que faria. Mas elas teriam de ser intercalares e não faz nenhum sentido que haja eleições em Fevereiro ou Março e outra vez em Outubro. Caso optasse por sair, o governo haveria de nomear uma comissão administrativa, de gestão, ou algo do género para governar a autarquia até às eleições e Paulo Varanda chegaria a elas sem ser presidente, o que lhe roubaria a vantagem que tem mantendo-se no cargo.
Acho que a única pessoa que ainda poderá tentar evitar um confronto eleitoral autárquico envolvendo as duas facções é António José Seguro que, por esta altura, deve estar a ver se tira um coelho da cartola, de forma a conseguir pacificar o ambiente. Sinceramente, não estou a ver forma disso acontecer, mas pode ser que seja possível. Até porque convém ter sempre presente que, na política como no futebol, o que hoje é verdade, amanhã já pode ser mentira.

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