sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

O FMI gosta de bater nos calões dos desempregados

Há uns tempos falou-se do fim do mundo. Provavelmente os profetas da desgraça já tinham conhecimento da proposta agora apresentada por uns técnicos do FMI que, em certa medida, pode significar o fim do mundo tal como o conhecemos. Em sentido figurado e até literal.
Uma das áreas em que se pretende conseguir mais poupança e receita é na Saúde, com o aumento das taxas, consultas, exames e a diminuição na comparticipação dos medicamentos. Ora, toda a gente sabe que são os idosos que mais precisam de cuidados de saúde. Os de mais baixos rendimentos, por vezes, até já têm de optar entre os medicamentos e a comida. Com os aumentos no acesso à saúde haverá, seguramente, quem fique sem a possibilidade sequer de optar. Sem dinheiro para os remédios e para os alimentos, o mundo acabará para eles.
Infelizmente, parece que quando fazem estas propostas loucas, no conforto dos seus gabinetes, depois de uma bela e regada refeição, não passa pela cabeça destes indivíduos que elas poderão ter consequências muito complicadas e até fatais para milhares ou milhões de pessoas.
Outro grupo que também é penalizado nestas propostas é o dos desempregados. E, naquilo que li sobre esta matéria, fixei que pretendem reduzir o valor do subsídio respectivo para motivá-los a arranjar trabalho. Isto significa, em primeiro lugar, que estão convencidos que os desempregados são uns malandros, preguiçosos e calões que não trabalham porque não querem. E, em segundo lugar, que há por aí empregos aos pontapés.
Pelos vistos, ignoram ou fingem ignorar que devido às políticas suicidas que nos obrigaram a seguir, é mais fácil encontrar hoje um posto de trabalho na lua do que, propriamente, em Portugal.
Não estou, com esta conversa, a defender que não é preciso fazer alterações de fundo para que o Estado gaste menos. Estou, infelizmente, convencido que há gente a mais na função pública e que vai ter que se tomar medidas a esse nível. Mas vai ser um drama fazer esse corte em altura de grave crise económica. Isso devia ser feito em tempos de crescimento em que haja espaço no sector privado para muitas das pessoas que saem da função pública.
Mas o que é muito significativo é que só vejo propostas destes técnicos do FMI para bater nos mais fracos: reformados, trabalhadores por conta de outrem e desempregados. Os que têm realmente dinheiro não podem, coitados, apertar os cordões à bolsa. E também não há uma única ideia para poupar o país ao pagamento asfixiante de juros. Só este ano julgo que vamos ter de pagar cerca de 8 mil milhões de euros, mas aí não se mexe.
Lembro o caso da Espanha. Pediu cerca de 40 mil milhões de euros que disse serem para financiar a banca e, ao contrário do que acontece com Portugal, esse dinheiro não conta para o défice público. Mais: vai pagar apenas 0,5% de juros, enquanto que nós vamos ter de devolver à troika aquilo que nos foi emprestado mais o equivalente a uma taxa de, pelo menos, 3,5% ao ano.
Vamos fazer umas contas rápidas e básicas. Pedimos 78 mil milhões de euros, o que significa que um ponto percentual de juros vale 780 milhões de euros. Se em vez de 3,5% pagássemos 0,5% como a Espanha, só no primeiro ano, pouparíamos 2340 milhões de euros. Enfim, pouca coisa, não vale a pena mexer aí, é melhor bater nos desempregados e nos reformados.

1 comentário:

  1. Português com orgulho. ao fim de uma vida de trabalho em que deste o melhor de ti ao teu país, em que deste ao mundo ajudaste a crescer teus filhos, o futuro deste país, pagaste os teus impostos, participaste na contrução fisica da tua pátria com as tuas mãos, ajudaste a formar outras mãos para contribuir no mesmo propósito, e ainda tens tanto para dar... para ensinar... para ajudar... porque emigraste? ... porque preciso de comer... porque tenho de pensar na minha velhice... porque depois de ter dado o meu melhor o meu paìs não tem nada para me dar em compensação... porque se eu tivesse ficado a fazer uso do fundo de desemprego ao qual teria direito a 3 anos seria acusado de malandro e calão e mesmo isso não seria suficiente para garantir as despesas e teria que entregar a casa ao dono que ainda é o banco, no fundo seria igual a tantos outros portugueses que conformam com a sua sina. apenas recuso-me a ser escravo de um sistema politico poderoso, altuísta e imcompetente... escolhi viver.

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