segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Vencedores e derrotados

(Primeiro de uma série de posts de análise aos resultados eleitorais no Cartaxo)

Candidatura socialista na entrega de listas ao Tribunal

O grande vencedor das eleições é, obviamente, Pedro Ribeiro que deu mais uma vitória ao Partido Socialista. Embora sem maioria absoluta ganhou umas eleições que não eram fáceis. É certo que o concelho é sociologicamente socialista, mas o surgimento de uma candidatura independente, nascida no seio do próprio PS, deixava antever uma divisão grande na votação. Por outro lado, quer se queira quer não, o PS sempre tem estado no poder no Cartaxo e, portanto, é responsável pela situação terrível que o município atravessa. Quanto mais não seja pelas escolhas que fez. E, portanto, seria normal que fosse, de alguma forma, penalizado.
Afinal, o pior (do ponto de vista de Pedro Ribeiro), acabou por não acontecer. Paulo Varanda conseguiu um resultado que se tivesse sido obtido essencialmente à custa do eleitorado socialista poderia até entregar a Câmara ao PSD. Mas, o seu Movimento acabou por ir 'pescar' votos em várias 'águas' e, inclusivamente, em termos percentuais, até prejudicou mais o PSD do que o PS.

O grande derrotado da noite foi Mário Júlio Reis, que não conseguiu ser eleito para um novo mandato de vereador, em representação da CDU. Costuma-se dizer que o que nasce torto, cedo ou nunca se endireita e, de alguma forma, esse provérbio pode aplicar-se a Mário Júlio que, em Janeiro, disse taxativamente que não seria candidato. Depois, mudou de ideias, aparentemente porque a CDU não arranjava um candidato melhor e lá avançou. Daí para cá, sempre tive a impressão de Mário Júlio estar numa missão de serviço à CDU mas que, intimamente, não se encontrava motivado ao mais alto nível para tentar ser eleito. Na apresentação dos candidatos da CDU fez um discurso de pouco mais de 5 minutos e nos debates na Rádio Cartaxo foi o que menos falou. E daquilo que disse não ficaram, pelo menos na minha memória, argumentos irresistíveis que levassem o eleitorado a nele votar.

Outro dos derrotados foi Vasco Cunha, que via na previsível divisão socialista uma oportunidade única de fazer o PSD chegar ao poder. Ajudou, inclusivamente, a fomentar essa divisão, foi buscar socialistas e muitos independentes para as listas, fez uma campanha sem erros e nem sequer foi muito visado por Paulo Varanda e Pedro Ribeiro, que preferiam atacar-se um ao outro. O resultado da noite eleitoral terá acabado por ser um balde de água fria para Vasco Cunha que, na minha opinião, foi, em boa medida, vítima - a exemplo do que aconteceu com muitas outras candidaturas por esse país fora - da impopularidade do Governo.

Também Francisco Colaço sai destas eleições sem motivos para celebrações. Perdeu mais de 60% dos votos que o Bloco havia conseguido em 2009 para a Câmara e deixa de ter protagonistas no poder local cartaxeiro. Neste caso, a grande 'machadada' foi a decisão dos deputados municipais do Bloco, Pedro Mendonça e Odete Cosme, não serem candidatos. Tinham tido grande destaque ao longo do mandato, assumiram-se como a oposição mais dura à gestão camarária e o lógico era que fossem consequentes e assumissem essa atitude até às últimas consequências, ou seja, indo até às eleições. Não o quiseram fazer, o que deixou o Bloco na situação de fragilidade que teve esta consequência eleitoral.

Igualmente derrotado terá sido Paulo Varanda. É verdade que não teve apoios partidários, mas também não é menos que contou com recursos financeiros bem elevados, tendo em conta o material de campanha que era visível e as iniciativas que desenvolveu. Ainda a seu favor tinha o facto de ser presidente da Câmara, o que lhe dava visibilidade. Vencer era o seu objectivo e não conseguiu, pelo que é um dos derrotados destas eleições. Mas, ainda assim, parece-me ser uma meia-derrota, pois conseguiu um apreciável número de votos, que leva o seu movimento a assumir-se como a segunda força política do concelho. Resta saber agora o que Paulo Varanda vai fazer com estes resultados.

(Opinião, Jorge Eusébio)

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