segunda-feira, 16 de setembro de 2013

O raio da Comissão Nacional de Eleições é que não deve ir na conversa

DIÁRIO DE UM CANDIDATO IMAGINÁRIO (*) 

Acabei de vir de uma acção de campanha que correu bastante bem. A adesão às nossas propostas é cada vez maior, pelo que conseguimos despachar muito rapidamente todos os isqueiros, balões, bonés, t-shirts e canetas que tínhamos para oferecer.
Com essa parte resolvida, abancámos num restaurante e aproveitámos para ver a bola na televisão. Ao longo das horas seguintes, entre uma garfada de cozido à portuguesa e um copo de bom vinho da adega local, fomos comentando os erros do árbitro, discutindo sobre se o bom arranque do Sporting é um acidente e se, no Benfica, o Jesus consegue chegar ao Natal. Foi uma boa jornada de trabalho em que se falou de tudo menos de política, o que, nesta altura do campeonato, sabe bastante bem.
Minto. No final, já na rua, e à procura do carro, ainda trocámos impressões sobre duas ou três formas de lixar os anormais dos nossos concorrentes. E o Rui, sob o efeito do álcool, saiu-se com uma parvoíce das suas, o que não é de espantar. Dizia ele que é um desperdício andar a oferecer t-shirts e demais traquitanas às pessoas sem exigir nada em troca. Devia-se era gastar o dinheiro numa dúzia de computadores portáteis ou tablets para sortear depois das eleições entre os que votassem em nós. “E como é que se conseguia saber isso?”, perguntou o Xico. “Muito simples”, respondeu o outro, “após fazerem a cruz, as pessoas fotografavam, com o telemóvel, o boletim de voto que depois apresentavam como prova”. Toda a gente se riu do gajo, mas, agora, pensando bem, era capaz de não ser má ideia. O raio da Comissão Nacional de Eleições é que não deve ir na conversa.

*Este é um texto de ficção. Qualquer eventual semelhança com personagens e eventos reais é mera coincidência.

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