quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Uma novela de má qualidade em Vila Chã de Ourique


O que se tem passado na freguesia de Vila Chã de Ourique (concelho do Cartaxo) dava uma novela, uma boa comédia ou até um filme dramático. Dependia da disposição e talento do argumentista em causa, porque o material é muito rico e permite uma vasta gama de possibilidades.

O episódio mais recente foi a demissão da presidente eleita da freguesia, Conceição Nogueira (PS), mas muitos outros tiveram lugar ao longo de quase ano e meio. Na base de tudo está o facto do Partido Socialista ter vencido as eleições com maioria relativa, ficando a oposição com maior número de eleitos na assembleia de freguesia. Em condições normais - tal como aconteceu nas outras freguesias do concelhia - seria fácil e rápido conseguir-se um entendimento para constituir os órgão autárquicos. Mas não em Vila Chã de Ourique. 

Como era a líder da força partidária mais votada, Conceição Nogueira transformou-se automaticamente presidente da Junta e ficou com a responsabilidade de dirigir os trabalhos da assembleia até, nesse órgão, serem eleitos os dois elementos que a haveriam de acompanhar no executivo.
Acontece que, de acordo com a lei, apenas ela poderia propor nomes. Ela indicava os de elementos do seu partido que, sistematicamente, eram rejeitados pelos representantes do PSD e do Movimento pelo Cartaxo. Ao fim de algum tempo, lá colocou nomes de eleitos da oposição a votos, tendo acabado por ser escolhido um deles, Carlos Albuquerque, do Movimento pelo Cartaxo. Mas insistia que o terceiro elemento a integrar o executivo da Junta fosse do PS, o que era inviabilizado pelas duas outra forças políticas referidas.

Realizaram-se reuniões e mais reuniões para tentar ultrapassar o impasse, mas sem sucesso. Até que a assembleia, através dos votos favoráveis do PSD e Movimento, elegeu uma nova mesa para dirigir aquele órgão, a qual não foi reconhecida pelo PS, tendo Conceição Nogueira continuado a marcar sessões da assembleia que acabavam por não se realizar por não aparecerem os elementos dos partidos contestatários, o que faziam com que o órgão não tivesse quórum. Enquanto isso a nova mesa eleita por PSD e Movimento convocava também sessões que se realizaram na rua, por Conceição Nogueira não abrir a porta da Junta.

Nos bastidores continuaram a decorrer contactos e reuniões, uma solução de compromisso esteve várias vezes em vias de ser conseguida, mas ao fim de todo este tempo, o que é facto é que Vila Chã de Ourique continua a não ter a Junta e a Assembleia devidamente constituídas e a funcionarem com normalidade.

Espera-se que a saída de cena de Conceição Nogueira leve à demissão dos elementos da assembleia necessários para que a freguesia vá para eleições intercalares, pondo-se finalmente ponto final nesta novela de má qualidade.

(Opinião - Jorge Eusébio)


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