quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Roubalheira legal



Nos últimos dias surgiu por aí mais um escândalo bancário internacional. Ao que parece, a filial suiça do HSBC terá posto em prática um esquema que permitia a evasão fiscal a gente muito rica.

Quando aparece um caso desta dimensão há um grande impacto mediático e as pessoas escandalizam-se. Do outro lado, aparece, normalmente, a justificação de que se trata de um caso pontual de uns tipos muito gananciosos que aldrabaram o sistema. Mas que, obviamente, o problema já foi corrigido e agora tudo funciona sobre rodas. Com sorte, um ou dois dos principais responsáveis é identificado e, com mais sorte ainda, preso, um sinal extra de que o sistema funciona, os maus foram apanhados e tudo está bem.

Acontece que, como bem sabemos, este está longe de ser um caso isolado. Ainda há um ou dois meses surgiram alegações que o Luxemburgo, no tempo em que era liderado pelo actual presidente da Comissão Europeia, tinha um esquema que permitia a grandes empresas internacionais fugirem aos impostos nos seus países de origem.

Também convém não esquecer que a crise de 2008 surgiu a partir de um conjunto de aldrabices promovidos por banqueiros e com a cumplicidade de supostos reguladores, empresas de rating e políticos. E que, na Europa, o tal resgate aos países mais afectados não passou de um resgate aos bancos que tinham dívida pública de risco. E que, em Portugal, temos tido uma boa dose de problemas com bancos.

A verdade é que, ao contrário do que nos querem fazer crer, o sistema está concebido para que um por cento dos mais ricos roubem, de forma directa ou indirecta, os outros 99 por cento. Não é pelos seus lindos olhos, capacidade de trabalho ou grandes qualidades que são donos de metade da riqueza do mundo. É por serem beneficiários do sistema de roubalheira 'legal' que está montado. 

(Opinião - Jorge Eusébio)

Sem comentários:

Enviar um comentário