quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

A crise quando nasce não é para todos



Vítor Bento, um homem que pode ser tudo menos um radical esquerdista, resolveu analisar os resultados da política de austeridade e chegou a uma conclusão essencial: “após seis anos de crise, a zona euro está pior.”

O Produto Interno Bruto (PIB) dos países que a constituem caiu 1,5% desde que a crise rebentou e o desemprego aumentou 4 pontos percentuais (pp). Enquanto isso, nos EUA, o PIB cresceu 8,3% desde 2008 e o desemprego teve uma descida marginal de 0,5 pp.
Quanto ao grupo de países da União Europeia que não fazem parte do Euro, durante o mesmo período, o seu PIB agregado subiu 4,8%, o desemprego aumentou 1,7 pontos percentuais.

Portanto, dos três blocos analisados, aquele de que fazemos parte foi o que menos sucesso teve, o que é capaz de ter a ver com a política louca da austeridade que foi seguida.

Mas acontece que as desgraças daí resultantes não afectaram da mesma forma todos os países que fazem parte da zona Euro. Os países classificados como Deficitários (Estónia, Irlanda, Grécia, Espanha, Chipre, Malta, Portugal, Eslovénia, Eslováquia) tiveram uma pancada grande, com o PIB a cair 7,4% e o desemprego a chegar aos 21,3%.
França e Itália também foram afectados mas em menor escala, com uma queda de 2.4% no PIB e um aumento no desemprego, cuja taxa chega aos 11,3%.

Do outro lado estão os chamados países Excedentários (Alemanha, Áustria, Bélgica, Holanda, Luxemburgo e Finlândia), que não têm grandes razões de queixa da crise.
No seu conjunto, e de acordo com as contas de Vítor Bento, contam com um crescimento do PIB de 2,1% desde 2008, enquanto que o desemprego até é mais baixo do que o verificado nesse ano (passou de 6,3 para 5,6%).


Portanto, e em resumo, o que se passa é o seguinte: a receita da austeridade foi óptima para estes países, teve custos relativos para a Itália e França e foi uma desgraça para todos os outros países da zona Euro. É por isso que a Alemanha quer manter a receita. Tudo o resto, como diria Passos Coelho, são “contos de crianças”.

(Opinião - Jorge Eusébio)

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