terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Cavaco, um perfeito vazio



Como toda a gente, tenho arrependimentos e a consciência de ter cometido muitos erros ao longo da vida. Mas também há decisões, atitudes e feitos (pequenos) de que me orgulho. Um deles é nunca ter votado em Cavaco Silva. Está hoje mais do que provado que o homem é uma total nulidade política.  

Ao fim de quase duas décadas a exercer os cargos políticos de maior importância e responsabilidade na política nacional, não me recordo de uma única decisão, frase ou atitude que tenha valido a pena. E ainda hoje não faço a mínima ideia se ele é de esquerda, de direita, liberal ou social-democrata.

Cavaco Silva chegou ao poder na altura em que, devido à nossa entrada na CEE, começaram a cair carradas de dinheiro que serviram basicamente para fazer auto-estradas, cursos de formação profissional da treta e para a compra de jipes. Em contrapartida, só tínhamos de enterrar as pescas, a agricultura, comprar carros alemães, prescindir de boa parte da nossa soberania e começar a transferir, para os gajos do dinheiro, ao desbarato, património e competências do Estado. 

Isto serviu para vencer com maioria absoluta as eleições seguintes e se aguentar 10 anos como primeiro-ministro. Chegou exibindo a ideia de que era diferente dos políticos tradicionais. Eles falavam e ele fazia. E fez alguma coisa, como qualquer Zé da Esquina faria, com a fortuna que recebemos da Europa. Nunca lhe passou pela cabeça - como, de resto, não passou à generalidade dos portugueses, para sermos justos - que quando a esmola é grande é boa política o pobre dela desconfiar. As consequências revelar-se-iam muitos anos mais tarde, agora com Cavaco como um presidente da República a mostrar toda a sua incapacidade e falta de competência para lhes fazer face.

Percebo o que levou os portugueses a votar nele nos primeiros tempos, mas ao fim de 3 ou 4 anos já devia ser evidente para toda a gente que o homem não tinha uma única ideia política na cabeça, nem servia para as funções. Mesmo assim insistiram nele e diz muito da desgraça em que Portugal se tornou que uma pessoa destas tenha conseguido ser o político do pós-25 de Abril que mais tempo exerceu os principais cargos políticos do país. Um povo que é capaz de errar tantas vezes não merece muito mais do que aquilo que, desgraçadamente, tem


(Opinião - Jorge Eusébio)





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