domingo, 23 de junho de 2013

Façam greve... nas férias

Na Segunda-feira, os professores fizeram greve e não se falou de outra coisa. Parece ter caído o Carmo e a Trindade, como se este simples facto tivesse vindo dar cabo do sistema de ensino que temos que, como se sabe, é fantástico. Provavelmente, será o melhor do mundo e arredores. Não consta, por exemplo, que em Marte haja um sistema melhor do que o nosso. Não sou propriamente especialista na matéria, por isso não me vou alongar em comentários, nem dizer que os professores têm ou não razão. O que sei é que isto não é o fim do mundo. É claro que causa transtornos aos alunos e aos pais, mas a coisa, de uma forma ou de outra, há-de resolver-se. Há, com certeza, muito mais problemas no ensino, a começar, parece-me, pelo excesso de burocracia existente. Sou capaz de estar totalmente errado, mas ninguém me tira da cabeça que os professores servem para ensinar realmente aos alunos e não para passar o tempo a preencher fichas e mais fichas,  a ler regulamentos e mais regulamentos que, muitos deles, não servem para nada. 
E mesmo que, eventualmente, neste caso não tenham razão para fazer greve, por mim não embarco naquela frase  condescendente que, sim senhor, têm direito a fazer greve, mas podiam fazê-la noutra altura. Provavelmente, durante o período de férias lectivas, imagino.

Falando a sério, acho bem que façam greve. Aliás, acho que o país todo devia fazer greve o tempo que fosse preciso para rebentar com isto tudo de uma vez. Se, de qualquer maneira, isto vai rebentar, mais vale que seja o mais cedo possível para que se possa rapidamente apanhar os cacos e seguir em frente. Como as coisas estão é que não é nada.

Mas voltando à burocracia nas escolas, estive a dar uma vista de olhos a um documento que deram aos alunos que na Quinta-feira terão feito exames. Alguns dos destinatários são crianças do 6º ano, com 11 anos de idade, os quais, quando receberam o documento, ficaram aflitos. Não percebendo bem do que se tratava, pensaram que seria matéria a estudar para o exame que se realizava dois dias mais tarde. Afinal, não era, mas quase. Tratava-se de um autêntico manual com instruções para o exame. Nele se previa tudo e mais alguma coisa, inclusivamente que as perguntas devem ser respondidas em língua portuguesa, “exceptuando-se, obviamente as disciplinas de língua estrangeira”. 
O simpático documento tem umas modestas... 17 páginas e um articulado que mais parece um diploma aprovado na Assembleia da República com um total de 63 pontos divididos por muitas alíneas. E, atenção, alerta-se na primeira página, é um simples “Resumo para Alunos”. O documento completo imagino que deve ter para aí umas 400 páginas. 


(Opinião, Jorge Eusébio)
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