sexta-feira, 19 de julho de 2013

Um concelho rico

Parece que Passos Coelho tem razão. Há indicadores positivos no que diz respeito à inversão da situação económica. Basta ver que os 500 mil festivais de Verão que por aí se realizam estão apinhados de gente para se concluir que a crise, com certeza, já está a ficar para trás. 

Portugal deve ser o país do mundo com mais festivais de música por metro quadrado, sobretudo nos meses de Julho e Agosto. E sempre a abarrotar de gente a abanar o capacete, o que é surpreendente. Definitivamente, não há crise para os promotores deste tipo de espectáculos que até contam com uma promoção brutal dos principais órgãos de comunicação nacional. Ainda no outro dia, ao fazer zapping, passei pela RTP 1 e lá estavam a transmitir um programa de total e descarada publicidade a um destes festivais. Ou seja, uma empresa pública a contribuir para o sucesso económico de uma empresa privada. E, provavelmente, à borla, pois a preços de tabela custaria seguramente uma fortuna o tempo que o programa durou e os meios que envolveu. Deve ser a isto que chamam serviço público. Assim já vale a pena que dos meus impostos saia uma verba jeitosa para manter a RTP a funcionar.

Outro sinal de que a muito bom português a crise não bate à porta é a quantidade de pessoas que já entopem as estradas e, sobretudo, as praias algarvias. Não que eu critique. Sou algarvio e, vivendo aquela região quase exclusivamente do turismo, quanto mais gente lá for, melhor. Só que me chateia ter a praia atafulhada da primeira vez que lá ponho os pés. E, ainda por cima, depois de ter esperado pelo fim da tarde, confiante de que, a essa hora, já a malta havia deixado ao areal.

Curiosamente, nesta altura, o Algarve não parece estar em vésperas de eleições locais, pois quase não coloquei a vista em cima de outdoors dos candidatos autárquicos. A não ser que tenha andado muito distraído, apenas me deparei com dois ou três cartazes pequenos do Bloco de Esquerda e da CDU. No total, parece-me que os quatro concelhos algarvios por onde passei, todos juntos devem ter menos cartazes políticos expostos do que o Cartaxo. Sinal, imagino, de que, por cá, a crise já passou. E que, ao contrário do que fazem questão de dizer algumas aves agoirentas, afinal, este é um concelho rico.  


(Opinião, Jorge Eusébio)

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