sexta-feira, 12 de julho de 2013

Mais um prego no caixão


A Comissão Nacional de Eleições desferiu, recentemente, mais uma machadada nos órgãos de comunicação social, sobretudo, os locais. Mal foi marcada a data das autárquicas, fez questão de vir dizer que nem sonhem os jornais e as rádios em ganhar algum dinheiro com elas. 

Apesar da crise, as candidaturas ainda arranjaram, como sempre acontece, umas verbas razoáveis para gastar e algumas já tinham uma parcela destinada a promover os seus eventos e iniciativas mais importantes através de publicidade paga nas rádios e nos jornais locais e regionais. Uma situação que em nada punha em causa a cobertura jornalística que os diversos órgãos de comunicação entendessem fazer da actualidade política. 

Pois bem, como dizia, mal foi marcada a data, a Comissão Nacional de Eleições emitiu um comunicado a avisar que, segundo a legislação em vigor, a partir daquele momento isso deixava de ser possível. O argumento fantástico que utiliza é que, e cito, se pretende “impedir que através da compra de espaços ou serviços por parte das forças políticas se viesse a introduzir um factor de desigualdade entre elas, derivado das suas disponibilidades financeiras”. 

Aparentemente, não passa pela cabeça destes senhores, nem dos que aprovaram a lei, que esse factor de desigualdade se possa fazer sentir de outras formas. O dinheiro que os candidatos poupam desta forma, vão gastá-lo em mais outdoors, em jornais de campanha, em balões, porta-chaves, canetas e mais não sei o quê. Ou seja, as candidaturas que têm mais dinheiro continuarão a ter mil e uma formas a mais do que as que têm poucas verbas para se promover e chegar ao eleitorado.

Se estes senhores estivessem genuinamente preocupados em dar as mesmas condições  a todos, viriam defender que se legislasse no sentido de todas as candidaturas terem obrigatoriamente de fazer a campanha com o mesmo orçamento.

Assim, com esta decisão pateta, só se consegue pregar mais uns pregos no caixão de muitos jornais e rádios, que precisam de todas as pequenas verbas que seja possível obter para tentarem sobreviver mais uns meses ou um ano ou dois. 
Mas, pronto, parece que assim se salva a democracia e as eleições livres e justas. Dou graças a Deus por isso.
(Opinião, Jorge Eusébio)

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