Começa a ficar desenhado o quadro de candidatos à presidência da Câmara
do Cartaxo. Depois de Pedro Ribeiro, pelo PS e do actual presidente da Câmara, Paulo
Varanda, na qualidade de independente, já se terem feito à estrada, o PSD
anunciou que o seu candidato é Vasco Cunha. Na próxima Quinta-feira será a vez
da CDU assumir que continuará a apostar em Mário Júlio que, ao
que tudo indica, terá voltado atrás na decisão de ficar de fora da corrida.
Pelo meio, ficou a surpreendente decisão dos actuais deputados municipais do
Bloco de Esquerda de não irem a votos, faltando apenas saber se este partido
avança com outra pessoa ou se, pura e simplesmente, não vai a jogo. Finalmente,
para que o quadro fique completo, há que saber se o CDS resolve ou não
apresentar um candidato.
Mas voltando ao princípio, o mais recente desenvolvimento deste
processo foi a divulgação de que o PSD aposta em Vasco Cunha. À
primeira vista, e olhando de fora, não seria a decisão mais esperada. É claro
que se trata do elemento do PSD que tem maior capacidade e experiência política.
Mas, nesta área, não são só as qualidades pessoais e capacidades políticas que
resolvem tudo, o timing é também muito importante. Basta que nos recordemos
que, por exemplo, Mário Soares, em 1991, foi reeleito presidente da República
com 70% dos votos e em 2005 nem sequer chegou aos 15%.
Nesta altura parecia mais lógico que o PSD/Cartaxo apostasse num
independente e não num militante, que ainda por cima é deputado e, por isso,
poderá ser, digamos assim, contaminado pela impopularidade do Governo. Mas,
obviamente, que esta situação terá sido devidamente analisada e a estratégia
deverá ser a de centrar o debate eleitoral nas questões locais, lembrando que o
que está em causa é a eleição de autarcas e não de deputados ou ministros.
Para já, Vasco Cunha começa bem ao evitar um dos principais perigos com
que a sua candidatura se poderia deparar, que seria deixar de lado o anterior
candidato do PSD, o independente Paulo Neves, que poderia vir a apoiar outro
candidato. Vasco Cunha resolveu bem a situação, ao conseguir que o comunicado
em que o PSD dava conta da sua escolha fosse assinado não só pelo presidente da
concelhia, mas também pelo próprio Paulo Neves.
Com esta situação resolvida, resta-lhe agora esperar que a
impopularidade do Governo não roube votos ao PSD e jogar na divisão que se vive
na área socialista para tentar conseguir ser eleito presidente da Câmara. Nas
últimas eleições, o PS teve 5383 votos e o PSD 3309. Se o eleitorado socialista
se dividir ao meio, ou mesmo na proporção 60/40, entre Pedro Ribeiro e Paulo
Varanda, Vasco Cunha tem fortes hipóteses de atingir o seu objectivo. Aliás,
acho que os três têm possibilidades. Se o desafio eleitoral fosse colocado no
totobola eu cá não arriscava: jogava na tripla, porque todas as outras hipóteses
são demasiado arriscadas.
(Opinião, Jorge Eusébio)
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