sexta-feira, 4 de outubro de 2013

E agora?

(Quarto de uma série de posts de análise aos resultados eleitorais no Cartaxo)

Os eleitores do Cartaxo deram a vitória ao PS, mas com maioria relativa. Isso significa que o PS terá de encontrar apoios para levar a cabo o seu programa.
Olhando para a Câmara, verificamos que foram eleitos 3 elementos do PS, 2 do Movimento pelo Cartaxo e outros 2 do PSD. Em face deste cenário como é que pode ser assegurada a governabilidade?
Para alguém que acompanhou a política cartaxeira ao longos do último ano, a resposta não tem dificuldade nenhuma. Terá de ser através de um entendimento entre o PS e e PSD. É que, depois do que disseram um do outro e do clima de conflitualidade que rodeou as relações entre Pedro Ribeiro e Paulo Varanda, não passa pela cabeça de ninguém (embora, como se sabe, em política tudo seja possível) agora entenderem-se os dois.

Uma das hipóteses é que o entendimento entre o PS e o PSD possa tomar a forma de uma coligação oficial e abrangente, que inclua todos os órgãos autárquicos. A segunda possibilidade é que se opte por acordos pontuais, negociados caso a caso.
Do ponto de vista da governabilidade do concelho, numa altura em que há problemas muito graves para resolver, seria preferível um acordo formal e global. PS e PSD juntos assegurariam a maioria não só na Câmara, como na Assembleia Municipal e ainda em quatro das seis freguesias (União Cartaxo/Vale da Pinta; União Ereira/Lapa; Vale da Pedra e Vila Chã de Ourique). Seria, assim, possível aos autarcas eleitos trabalharem com tranquilidade e colocarem a sua atenção e empenho na busca das melhores soluções e não na negociação política de cada uma das propostas.

No entanto, não acredito que se avance para uma coligação. Para o PSD seria uma opção muito arriscada. Pela positiva, tinha, finalmente, a possibilidade de deixar a sua marca no concelho, uma vez que os seus eleitos passariam a ter pelouros e responsabilidades executivas. Mas o problema é que deixaria toda a oposição para Paulo Varanda e o Movimento pelo Cartaxo. Corria, pois, o risco de, nas próximas autárquicas, quem concordasse com a forma como o concelho foi governado votasse no PS (o principal partido da 'coligação') e os outros dessem a sua confiança ao partido da oposição, o Movimento pelo Cartaxo, ficando o PSD numa posição irrelevante.

Portanto, acho que os social-democratas vão mostrar disponibilidade para ajudar na governabilidade do concelho, mas com negociações caso a caso e impondo condições ao PS. Como não acredito que os dois partidos estejam interessados em provocar eleições antecipadas, nos primeiros tempos, com maior ou menor dificuldade, penso que os problemas serão ultrapassados. A partir do meio do mandato, com os olhos já colocados nas próximas eleições, é que as coisas podem complicar-se.

(Opinião, Jorge Eusébio)

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