quarta-feira, 2 de outubro de 2013

A origem dos votos de Paulo Varanda

(Terceiro de uma série de posts de análise aos resultados eleitorais no Cartaxo)

Ao longo da campanha eleitoral sempre pensei que a esmagadora maioria dos votos que Paulo Varanda e o Movimento pelo Cartaxo iriam conseguir seria à custa do Partido Socialista. À primeira vista, uma análise aos resultados indica que é capaz de não ter sido bem assim. Recordo que, em comparação com 2009, o PS perdeu 1249 votos, o PSD 1097, a CDU 383 e o Bloco de Esquerda 529. Sendo que Paulo Varanda obteve 2821, poder-se-ia concluir que foi buscar um grande número de votos a todos os quadrantes. E, se calhar, até foi.

No entanto, continuo convencido que a grande maioria dos seus votos foi 'roubada' ao PS. Primeiro, porque se olharmos para as pessoas que constituíram o núcleo-base de Paulo Varanda eram quase todas da área socialista e não acredito que não tenham conseguido trazer consigo muitos votos.
Depois, porque me parece pouco lógico que das candidaturas do Bloco e da CDU tenham saído quase mil votos para Paulo Varanda e que o mesmo destino tenha tido a esmagadora maioria dos quase 1100 que o PSD viu fugir.

Parece-me mais razoável pensar que tenha havido uma transferência de, digamos, para aí uns 2000 votos do PS para Paulo Varanda e que os restantes tenham vindo da abstenção e umas centenas, sim senhor, do PSD e eventualmente umas dezenas da CDU e, até, do Bloco. Mas, nestes dois últimos casos, em número bastante reduzido.

Depois, terá havido uma fuga de votos do PSD para o PS por dois motivos essenciais. Por um lado, gente que há 4 anos votou nos social-democratas mostrou-se agora desiludida com o Governo e resolveu mostrar-lhe o cartão amarelo desta forma. A outra razão prende-se com o voto útil. Muitos eleitores que não gostam de Paulo Varanda e da sua governação e que, eventualmente, terão votado PSD em 2009, agora optaram por dar o seu voto ao PS por pensarem ser o partido que estaria em melhores condições de vencer as eleições e derrotar o actual presidente da Câmara. O mesmo fenómeno do voto útil terá afectado, igualmente, a CDU e, em maior escala, o Bloco de Esquerda. 
Enfim, pelo menos, é esta a análise que faço dos resultados eleitorais e que pode estar completamente errada, como é óbvio.

(Opinião, Jorge Eusébio)

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