E mesmo que, eventualmente, neste caso não tenham razão para fazer greve, por mim não embarco naquela frase condescendente que, sim senhor, têm direito a fazer greve, mas podiam fazê-la noutra altura. Provavelmente, durante o período de férias lectivas, imagino.
Falando a sério, acho bem que façam greve. Aliás, acho que o país todo devia fazer greve o tempo que fosse preciso para rebentar com isto tudo de uma vez. Se, de qualquer maneira, isto vai rebentar, mais vale que seja o mais cedo possível para que se possa rapidamente apanhar os cacos e seguir em frente. Como as coisas estão é que não é nada.
Mas voltando à burocracia nas escolas, estive a dar uma vista de olhos a um documento que deram aos alunos que na Quinta-feira terão feito exames. Alguns dos destinatários são crianças do 6º ano, com 11 anos de idade, os quais, quando receberam o documento, ficaram aflitos. Não percebendo bem do que se tratava, pensaram que seria matéria a estudar para o exame que se realizava dois dias mais tarde. Afinal, não era, mas quase. Tratava-se de um autêntico manual com instruções para o exame. Nele se previa tudo e mais alguma coisa, inclusivamente que as perguntas devem ser respondidas em língua portuguesa, “exceptuando-se, obviamente as disciplinas de língua estrangeira”.
O simpático documento tem umas modestas... 17 páginas e um articulado que mais parece um diploma aprovado na Assembleia da República com um total de 63 pontos divididos por muitas alíneas. E, atenção, alerta-se na primeira página, é um simples “Resumo para Alunos”. O documento completo imagino que deve ter para aí umas 400 páginas.
(Opinião, Jorge Eusébio)
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