Correu-me bem a entrevista na rádio. Sabia que o
jornalista é algo impertinente e que iria tentar tramar-me com perguntas
difíceis. Mas levava a lição bem preparada e independentemente do que ele
perguntasse, a resposta era basicamente a mesma: a culpa é do meu antecessor.
Ele acabou a entrevista meio chateado. No final, em
off, desabafou que eu já parecia um comunista, sempre a debitar a mesma cassete.
Mas quero que ele se lixe. A minha estratégia ao longo
de, pelo menos, a primeira metade do mandato vai ser esta: tudo o que de mal
acontece na Câmara e no Município é resultado das asneiras do anterior
presidente da Câmara e da sua equipa. Em especial, a desgraçada situação
financeira que é bem pior do que imaginava, não me canso de gritar.
O que até é (mais ou menos) verdade. Mas mesmo que não
fosse já estava decidido desde o principio que esta era a estratégia que
iríamos seguir. É que assim baixamos as expectativas, a população não nos vai
exigir obras e as juntas e as colectividades não nos vão andar a bater a porta
todos os dias a pedir dinheiro. A este nível, vai ser uma tranquilidade durante
os primeiros 2/3 anos.
Depois tapamos
uns buracos nas ruas, limpamos os espaços públicos, abrimos um bocadinho os
cordões à bolsa, inauguramos três ou quatro obras e ganhamos as próximas
eleições com maioria absoluta.
Embora, espero eu, na altura, já com outro candidato a
presidente, que quero é ir-me embora para o Parlamento Europeu.
Sem comentários:
Enviar um comentário