Mas ganhou também
pontos no campo do adversário, o PS, sem sequer ter necessidade de ir a jogo.
Os socialistas são gente muito dinâmica e não precisam da ajuda de ninguém para
dar tiros nos pés. Em vez de actuarem como uma equipa coesa e solidária, cada
um dos seus pseudo-craques joga para si e para a bancada.
No PS, está a
assistir-se a um filme muito antigo, já de barbas brancas. O argumento conta-se
muito rapidamente: havia um indivíduo (António Costa, ao que parece) que tinha
o sonho de ser líder do PS, mas não lhe apetecia estar a avançar em época de
vacas magras, sem o horizonte do poder à vista. De forma que empurrou, ou
ajudou a empurrar, o militante que estava mais à mão (António José Seguro).
Entretanto, o PSD e CDS já levaram a cabo uma parte substancial do trabalho
sujo e, devido a isso, há a possibilidade de, mais cedo do que se suponha,
cederem o Governo ao PS. De forma que, assim sendo, António Costa parece já
estar disposto a ‘sacrificar-se’ pelo país. Como em todos os argumentos de
cinema ou novela, há também neste, outros sub-enredos, sendo, neste caso, os
mais significativos os protagonizados pela tralha socrática.
Acontece que estes
episódios em nada contribuem para a nossa felicidade. Quem continua a ganhar
com o ‘sucesso’ da ida de Portugal aos mercados são os bancos estrangeiros que,
através da troika, nos vendiam dinheiro a 3,4% de juros e agora continuam a
financiar-nos, mas a quase 5%. Indirectamente, quem também pode ganhar é o
sector financeiro português que vê abrirem-se mais portas de financiamento. De
forma que passará a ir lá fora buscar dinheiro para, como é hábito, emprestar
às grandes empresas e aos amigos e conhecidos que queiram comprar acções,
porque parece que as cotações já começaram a subir.
Para os restantes
99,999999% portugueses, estas manobras não aquecem nem arrefecem. As empresas
vão continuar a fechar, o desemprego a aumentar e o fisco a exigir aos cidadãos
o que têm e o que não têm.
Em face disto, a
gente olha para o PS e vê que está mais preocupado em brincar às lideranças do
que em apresentar-se como uma alternativa séria e credível.
Em resumo, eles divertem-se e quem se
trama são os suspeitos do costume.
(Opinião - Jorge Eusébio - Texto originalmente escrito no jornal O Povo do Cartaxo, que pode assinar aqui)
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