Nos últimos dias surgiu por
aí mais um escândalo bancário internacional. Ao que parece, a filial suiça do
HSBC terá posto em prática um esquema que permitia a evasão fiscal a gente
muito rica.
Quando aparece um caso desta
dimensão há um grande impacto mediático e as pessoas escandalizam-se. Do outro
lado, aparece, normalmente, a justificação de que se trata de um caso pontual
de uns tipos muito gananciosos que aldrabaram o sistema. Mas que, obviamente, o
problema já foi corrigido e agora tudo funciona sobre rodas. Com sorte, um ou
dois dos principais responsáveis é identificado e, com mais sorte ainda, preso,
um sinal extra de que o sistema funciona, os maus foram apanhados e tudo está
bem.
Acontece que, como bem
sabemos, este está longe de ser um caso isolado. Ainda há um ou dois meses
surgiram alegações que o Luxemburgo, no tempo em que era liderado pelo actual
presidente da Comissão Europeia, tinha um esquema que permitia a grandes
empresas internacionais fugirem aos impostos nos seus países de origem.
Também convém não esquecer
que a crise de 2008 surgiu a partir de um conjunto de aldrabices promovidos por
banqueiros e com a cumplicidade de supostos reguladores, empresas de rating e
políticos. E que, na Europa, o tal resgate aos países mais afectados não passou
de um resgate aos bancos que tinham dívida pública de risco. E que, em
Portugal, temos tido uma boa dose de problemas com bancos.
A verdade é que, ao contrário
do que nos querem fazer crer, o sistema está concebido para que
um por cento dos mais ricos roubem, de forma directa ou indirecta, os outros 99
por cento. Não é pelos seus lindos olhos, capacidade de trabalho ou grandes
qualidades que são donos de metade da riqueza do mundo. É por serem beneficiários do sistema de roubalheira 'legal' que está montado.
(Opinião - Jorge Eusébio)
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