Acabei de vir de uma acção de campanha que correu bastante bem. A
adesão às nossas propostas é cada vez maior, pelo que conseguimos despachar
muito rapidamente todos os isqueiros, balões, bonés, t-shirts e canetas que
tínhamos para oferecer.
Com essa parte resolvida, abancámos num restaurante e aproveitámos para
ver a bola na televisão. Ao longo das horas seguintes, entre uma garfada de
cozido à portuguesa e um copo de bom vinho da adega local, fomos comentando os
erros do árbitro, discutindo sobre se o bom arranque do Sporting é um acidente
e se, no Benfica, o Jesus consegue chegar ao Natal. Foi uma boa jornada de
trabalho em que se falou de tudo menos de política, o que, nesta altura do
campeonato, sabe bastante bem.
Minto. No final, já na rua, e à procura do carro, ainda trocámos
impressões sobre duas ou três formas de lixar os anormais dos nossos
concorrentes. E o Rui, sob o efeito do álcool, saiu-se com uma parvoíce das
suas, o que não é de espantar. Dizia ele que é um desperdício andar a oferecer
t-shirts e demais traquitanas às pessoas sem exigir nada em troca. Devia-se era
gastar o dinheiro numa dúzia de computadores portáteis ou tablets para sortear
depois das eleições entre os que votassem em nós. “E como é que se conseguia
saber isso?”, perguntou o Xico. “Muito simples”, respondeu o outro, “após fazerem a cruz, as pessoas fotografavam, com o telemóvel, o boletim de voto que
depois apresentavam como prova”. Toda a gente se riu do gajo, mas, agora,
pensando bem, era capaz de não ser má ideia. O raio da Comissão Nacional de
Eleições é que não deve ir na conversa.
*Este é um texto de ficção. Qualquer eventual semelhança com personagens e eventos reais é mera coincidência.
OUTRAS AVENTURAS DO CANDIDATO IMAGINÁRIO
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