Com esse objectivo, os social-democratas foram buscar para candidato o seu elemento de maior experiência e traquejo político, Vasco Cunha. Uma decisão que tinha um risco potencial: a possibilidade de Paulo Neves, o homem que foi candidato há quatro anos, bater com a porta e apoiar ou ir de malas aviadas para outra candidatura, o que enfraqueceria bastante o PSD. Isso acabou por não acontecer, Paulo Neves aceitou ir na lista para a Câmara, na segunda posição, o que é um trunfo.
O problema maior que, na minha opinião, se coloca à candidatura 'laranja' decorre da situação nacional. O país está a miséria que se conhece e, sendo o PSD o principal partido do Governo, é expectável que muita gente se sinta tentada a aproveitar as autárquicas para mostrar o seu desagrado, dando o voto a outro partido. Consciente dessa possibilidade, Vasco Cunha optou por encher as listas de gente sem filiação política e até de militantes socialistas, para dar uma ideia de abrangência e tentar enfraquecer o PS. A freguesia em que essa estratégia é mais visível é Vale da Pedra, em que a candidata do PSD à junta era até há bem pouco tempo uma conhecida militante socialista e apoiante de Pedro Ribeiro.
Um dos obstáculos com que Vasco Cunha e a sua equipa certamente não esperavam deparar-se é o aparecimento, à última hora, de uma candidatura do CDS. Não é previsível que consiga muitos votos, tendo em conta o seu tradicional peso no concelho, mas os que conseguir serão, em grande medida, ‘roubados’ ao PSD. E numas eleições tão disputadas como estas parecem vir a ser, esta transferência de votos pode revelar-se decisiva.
Até agora, o PSD tem feito uma campanha em que tenta mostrar o panorama negativo que, na sua opinião, resultou de tantos anos de governação socialista. Mas, parece-me que só isso não chega. Os cidadãos do concelho têm perfeita consciência da situação actual e querem é ideias e soluções para melhorar o panorama. É essa a resposta que os partidos – no caso concreto, o PSD – têm de dar, no tempo que falta para as eleições autárquicas.
(Opinião, Jorge Eusébio)
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