sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Dois galos para um poleiro

Conforme se esperava e eu próprio já tinha antecipado, está a guerra armada no interior do Partido Socialista do Cartaxo. Usando uma expressão popular, há dois galos para um poleiro, no caso, dois interessados em sentar-se no cadeirão de presidente da Câmara, pelos vistos, um lugar muito confortável, e em função disso, a luta vai ser dura e um deles vai sair desta história muito combalido, em termos políticos, claro.
Nesta altura, do lado da facção de Paulo Varanda, já se veio para a rua disparar a artilharia pesada. Diz-se que o outro candidato, Pedro Ribeiro, está a usar o cargo de presidente da concelhia para se beneficiar a si próprio, que está a ser levada a cabo uma tentativa de assassinato político do actual presidente da Câmara e outras coisas do género.
Esta situação vem confirmar que é no interior dos próprios partidos, neste caso concreto, do PS, que se criam os maiores adversários e inimigos políticos. É por aqui que começam e se desenvolvem ou não as carreiras políticas. Para alguém conseguir chegar longe na política, primeiro tem de eliminar a concorrência interna, de forma a conquistar um lugar, por exemplo, na lista da Junta. Às vezes, é ridículo ver o que certas pessoas fazem para tentar chegar a um lugar que, aparentemente, não tem importância nenhuma. Mas é a partir desse lugar que conseguem algum poder, influência e aliados para depois irem na lista da Câmara, depois, eventualmente, a deputado e por aí fora. Se a nível interno do partido e do concelho, não se consegue dar o primeiro passo, subir o primeiro degrau, nunca na vida se vai ter hipótese de construir uma carreira política. E quem o consegue, deixa, seguramente, para trás um rasto de cadáveres políticos, ou seja, de rivais que venceu e que nunca na vida lhe vão perdoar a desfeita.
A política partidária é uma guerra. E como todas as guerras, é suja, destrói vidas e constrói mitos e vencedores. Não é um jogo para gente fraca e sensível.
Ah, e já agora, antes de terminar, não sei se repararam que o Governo acabou com os subsídios de férias e de Natal. É claro que não foi isso que foi dito por Passos Coelho, mas é o que vai acontecer. E, provavelmente, também vai voltar a acontecer que, daqui a uns anos, só os meninos ricos é que poderão  frequentar a escola secundária. Manter lá os pobres vai ser um luxo a que o país não se pode dar. Estamos a voltar à idade das trevas.
(Opinião, Jorge Eusébio)

Quase gostamos das nossas vidas

Hoje lembrei-me do título de um livro de Pedro Paixão: "Quase gosto da vida que tenho". É o que sinto e, provavelmente, milhões de portugueses. Quase gostamos das nossas vidas. E se não fosse a crise, o Cavaco, o Sócrates, o Gaspar, o Passos e a Merkel éramos, se calhar, suficientemente loucos para gostar delas mesmo a sério. Ou não.

(Opinião, Jorge Eusébio)

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Faleceu João Sabino

Faleceu João Sabino, um homem que, em Fevereiro passado, tinha sido notícia por, aos 91 anos de idade, ter concluído o 9º ano de escolaridade, no Centro de Novas Oportunidades de Salvaterra de Magos. Teve uma vida cheia de experiências muito diversificadas. Inventou uma máquina de semear tomate, foi músico, compositor, árbitro de futebol, escreveu livros de poesia e as suas memórias. Com toda esta intensa actividade, não teve muito tempo para tratar da sua formação académica, tendo apenas chegado à antiga 3ª classe. Aos 90 anos, lembrou-se que não seria má ideia voltar a estudar. Até porque, como gostava de dizer, desde que haja quem ensine, nunca é tarde para aprender. Estudou com afinco e, na altura, ao receber o diploma, estava cheio de vigor, entusiasmo e planos para o futuro. Um deles era andar pelas escolas a aconselhar os jovens e a dizer-lhes que os sonhos que verdadeiramente interessam são aqueles que temos de olhos bem abertos e que conseguimos concretizar. O outro dos seus objectivos era escrever um livro de ficção.

A velhice é uma merda

Estou a ficar velho. Pudera,  ainda me recordo de ver televisão a preto e branco, dos discos de vinil e de comunicar à distância sem ser por e-mail ou telemóvel. Sou, imagine-se, do tempo em que Passos Coelho pedia desculpa por ajudar a aumentar impostos. Aos séculos que isso foi. Estou mesmo a ficar velho. Não admira que já tenha a barba branca.

(Opinião, Jorge Eusébio)

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Guerra aberta no PS/Cartaxo


Depois da marcação de eleições directas no PS/Cartaxo para decidir quem vai representar o partido nas próximas autárquicas, rebentou publicamente a guerra entre as duas facções. Na internet surgiu um documento, supostamente apoiado por todos os presidentes de Junta do PS, de apoio ao actual presidente de Câmara, Paulo Varanda, e de fortes críticas à concelhia dirigida por Pedro Magalhães Ribeiro que já assumiu formalmente querer ser ele o candidato do PS à presidência da Câmara.

Aí pode ler-se que da parte de Pedro Magalhães Ribeiro tem havido atitudes que “pretendem denegrir a actividade do executivo camarário” e que está a ser desenvolvido um autêntico processo de “assassinato político” de Paulo Varanda.
O presidente da Junta de Vale da Pinta, Fernando Ramos, dá a cara pelo documento e, em entrevista à Rádio Cartaxo, manifesta total apoio a Paulo Varanda que entende estar a fazer um bom trabalho e, por esse facto, deve ser o candidato do PS em 2013. Se o PS for por outro caminho está a demonstrar “ingratidão” por alguém que assumiu o poder em circunstâncias muito difíceis. Lança também críticas, quer ao presidente da Distrital, quer ao secretário-geral por entender que já deviam ter tomado o assunto em mãos. Até porque, alega, Paulo Varanda não tem, na disputa interna, as mesmas condições colocadas ao dispor de Pedro Magalhães Ribeiro.
Também em declarações a esta rádio, o visado nesta acusação diz que o facto de ser presidente da concelhia não lhe dá qualquer tipo de vantagem, uma vez que a condução do processo eleitoral interno é da competência da Mesa da Comissão Política, da qual não faz parte. Quanto à possibilidade de António José Seguro chamar a si a decisão final, confirma que, enquanto secretário-geral, “tem essa prerrogativa estatutária”, mas não parece temer que a vá exercer, devendo ser os militantes a decidir, através de directas, quem querem que os represente nas autárquicas.


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Bronca no PS: Paulo Varanda fora das directas

Aprovo mas não concordo

João Almeida é porta-voz do CDS e um dos senhores que votou o Orçamento. Com o qual não concorda, faz questão de esclarecer, para que a sua atitude não seja mal interpretada. Mas teve de ser, foi o mal menor. Senão, seria uma desgraça e não conseguiríamos vencer a crise. É claro que assim também não vamos conseguir vencê-la mas, pelo menos, não se corre o risco de ir já para eleições e João Almeida perder a sua cadeirinha de deputado.

(Opinião, Jorge Eusébio)

terça-feira, 27 de novembro de 2012

A 'boa' da fita


Rita Pereira esteve, no Domingo, no Centro Cultural do Cartaxo, a participar em mais uma das conversas promovidas por José Raposo. A modelo e actriz recordou o seu difícil início, em que foi rejeitada por muitas agências que entendiam não ter a sua imagem "nada de especial".
Hoje, diz ter consciência de que acontece darem-lhe papéis por a sua imagem vender bem, aceita as regras do jogo, mas confessa que, por vezes, sente-se mal por ter trabalho enquanto que outras pessoas muito talentosas e experientes ficam de lado.
Rita Pereira também falou da relação complicada que tem com a imprensa, em especial, a 'cor-de-rosa'. Admite precisar dela, mas lamenta que sejam falsas muitas das notícias que escrevem sobre si. Deu o exemplo de uma notícia que dizia que "passados 20 anos, me tinha reencontrado com a minha mãe". Ora acontece que "eu vivi com a minha mãe a vida toda, se calhar reencontrámo-nos naquele dia na praia porque já não nos víamos desde... de manhã".
Nas novelas, normalmente faz de boazinha, uma regra que foi quebrada na última, situação que não agradou nada à sua avó. Mas, agora, a senhora está mais animada, pois a neta já a informou que, na próxima novela, vai voltar a fazer de boa da fita.

Directas no PS/Cartaxo

Realizou-se, ontem à noite, uma reunião da Comissão Política do PS/Cartaxo, da qual resultou a marcação de eleições directas para o próximo dia 11 de Dezembro, uma vez que há duas candidatos a querer liderar a lista dos socialistas às próximas autárquicas, Paulo Varanda e Pedro Magalhães Ribeiro. A reunião contou com a presença do presidente distrital do PS, António Gameiro. Entretanto, já se sabe que, caso seja Pedro Magalhães Ribeiro o candidato do PS, o nº 1 da lista à Assembleia Municipal será o antigo presidente da Câmara e também secretário de Estado da Justiça, Conde Rodrigues. Na lista de Pedro Magalhães Ribeiro para a Câmara estão confirmadas as presenças de Fernando Amorim, ex-presidente da Junta de Freguesia de Pontével e Pedro Nobre.

Comandante dos Bombeiros 'dispara' em várias direcções

A celebração dos 76 anos de vida dos Bombeiros Municipais do Cartaxo ficou marcada pelo discurso do comandante da corporação, Mário Silvestre, que 'disparou' em várias direcções. Criticou fortemente a legislação saída há poucos dias, a qual "vem retirar aos corpos de Bombeiros das autarquias, entre outras coisas, o Comando das operações nos seus municípios". Outro dos seus alvos foi o INEM (Instituto Nacional de Emergência Médica) que, na sua opinião, se preocupa "com pormenores que em nada contribuem para a melhoria do socorro" e deixa de lado "os efectivos problemas". Mas, para Mário Silvestre, também há responsabilidade neste estado de coisas da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) que "tem descurado a formação dos bombeiros e a sua posição nas discussões sobre matérias operacionais, entre outras coisas".
As comemorações de mais este aniversário, envolveram uma cerimónia oficial, um almoço de confraternização e a deposição de uma coroa de flores em homenagem  aos soldados da paz já falecidos. A ocasião foi, ainda, aproveitada para entregar medalhas e distinções a alguns bombeiros. Assim, foi entregue a medalha que simboliza a ligação de 5 anos à corporação a Pedro Parente, Márcio Alexandre, Helena Serôdio e Helena Leça. O Crachá de Ouro foi imposto a Diogo Pêgo, Fernando Lourenço e José Fernando Caria e o galardão de Bombeiro do Ano foi para Hugo Silva.


segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Rita Pereira à conversa


Museu do Vinho apresenta exposição sobre o Ciclismo

Bicicletas de todas as formas e feitios, bem como imagens, troféus e currículos dos grandes ciclistas do Cartaxo podem ser apreciadas na exposição que está patente no Museu Rural e do Vinho, do Cartaxo, até ao final de Janeiro de 2013. A mostra celebra os 27 anos de existência do museu e esta ligação ao ciclismo é justificada pelo seu director, Victor Varela, pelo facto desta modalidades ter fortes tradições no concelho, ao mais alto nível, sendo o que mais Voltas a Portugal obteve. Alfredo Trindade(2), José Maria Nicolau (2), Francisco Valada (1) e Marco Chagas (4) são naturais do concelho e conseguiram um total de 9 vitórias na mais prestigiada competição ciclística.
O Museu Rural e do Vinho do Cartaxo abriu as suas portas a 23 de Novembro de 1985 e conta, no seu interior, com milhares de peças relacionadas com a actividade agrícola, em especial, com a produção de vinho. O Centro de Documentação, o Núcleo de Reservas Visitáveis e a Taberna são três dos espaços mais emblemáticos, por este último passando, uma vez por mês, uma personalidade do concelho que recorda a sua vida e a forma como o Cartaxo evoluiu ao longo das últimas décadas.
O Museu recebeu, nos dois últimos anos, outros tantos prémios da Associação Portuguesa de Museologia (APOM). Em 2010, foi distinguido com o Prémio de “Melhor Serviço de Extensão Cultural” e no ano seguinte obteve uma menção honrosa na categoria de “Melhor Trabalho de Museografia”. É visitado, anualmente, por cerca de 15 mil pessoas.



domingo, 25 de novembro de 2012

sábado, 24 de novembro de 2012

Todos contra a fusão de freguesias

Nos últimos dias têm-se multiplicado, no concelho do Cartaxo, as reuniões abertas para levar à população informação sobre o processo de reorganização de freguesias e debater acções de protesto. A ser aprovada pelos deputados a proposta que está em cima da mesa, o concelho vai passar de 8 para 6 freguesias. Vale da Pinta junta-se ao Cartaxo e a Ereira fica agregada à Lapa.
Nesta altura já se realizaram sessões na Ereira, Vale da Pinta, Lapa, Vale da Pedra e Cartaxo, e duas outras de âmbito partidário (PS e CDU) mas também abertas a todos os que nelas quisessem participar. Destes encontros resultou o aparecimento de abaixo-assinados em cada uma das freguesias, a que se vai juntar um outro de todo o concelho, que tem como objectivo ser assinado por 4 mil pessoas e assim converter-se numa petição que obrigará os deputados a terem de o debater.

Vale da Pedra
Ereira
Vale da Pinta
Lapa
Cartaxo

Mais impostos, menos receita

Aumenta-se os impostos, o que faz com que as pessoas fiquem com menos dinheiro disponível, gastem menos, fazendo com que as empresas facturem menos, tenham de fechar e mandem gente para o desemprego. A contrapartida de todos estes sacrifícios é que o Estado arrecade mais dinheiro e, com isso, diminua o défice para, daqui a uns tempos, se ainda formos vivos, voltarmos a ter uma vida normal. Certo? Não, errado. O Estado mata a economia e vai buscar menos dinheiro de impostos. É uma lógica só ao alcance de gente inteligente, como a que nos governa.

(Opinião, Jorge Eusébio)

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Aquecem os motores para as autárquicas


Não duvido que os políticos do Cartaxo sejam contra a fusão, agregação ou extinção de freguesias. Pelo menos, neste concelho. Mas, às vezes, dá a sensação de que esta polémica surgiu numa altura muito conveniente para alguns deles. Numa fase em que começam a aquecer os motores para as candidaturas autárquicas é um presente dos deuses, para muitos, terem um pretexto para botar discurso e, ainda por cima, com muita gente na plateia a assistir.
Nas duas primeiras sessões sobre o assunto realizadas nas freguesias – na Ereira e Vale da Pinta – pareciam andar ao despique num tom de campanha eleitoral, com direito a palmas no fim, quanto mais não fosse por uma questão de boa educação da população presente. Mas a coisa foi de tal forma que eles próprios devem ter achado que estavam a exagerar e o tiro ainda podia sair pela culatra. Daí que, na reunião de quarta-feira, na Lapa, já tenham mostrado uma maior discrição e recato. Vamos ver o que acontece nas próximas sessões. 
Estes são dias de grande tensão no PS pois a decisão sobre quem será o candidato às autárquicas está por aí prestes a rebentar. Na segunda-feira há uma reunião da Comissão Política que é suposto tomar decisões sobre o assunto, nomeadamente através da marcação de eleições directas se aparecerem formalmente dois candidatos a candidato. Como se sabe, quer Paulo Varanda, quer Pedro Magalhães Ribeiro já disseram querer avançar, vamos agora ver se o fazem, uma vez que até ao último minuto deve haver contactos, negociações e pressões até dos órgãos regionais e nacionais para que um deles desista, de forma a evitar um clima de confrontação directa de que muito dificilmente o partido irá recuperar até às eleições, correndo, por isso, o risco de não as ganhar, pelo menos, com maioria absoluta.
E, aparentemente, esse é um cenário em que a facção apoiante de Pedro Magalhães Ribeiro já parece estar a trabalhar. No encontro que o PCP realizou no Centro Cultural sobre a questão da reorganização administrativa do território das freguesias, estavam mais socialistas do que comunistas. Pedro Magalhães Ribeiro e, praticamente, todo o seu estado maior fizeram questão de marcar presença. E, como certamente estas coisas não acontecem por acaso, isso terá sido previamente combinado. A leitura que faço é que Pedro Magalhães Ribeiro está convencido de que tem fortes hipóteses de ser o escolhido para candidato do PS à presidência da Câmara. Mas também considera que, nesse cenário, o actual titular do cargo, Paulo Varanda, avançará à frente de uma lista independente. Em face da visibilidade que o cargo de presidente lhe tem dado é natural que consiga boa votação, muito à custa da candidatura do PS. Isso poderá fazer com que, mesmo que seja o candidato dos socialistas e que saia vencedor das autárquicas, Pedro Magalhães Ribeiro não tenha maioria absoluta na Câmara e na Assembleia Municipal. De forma que precisaria de aliados para governar e a presença em peso da sua equipa na sessão do PCP significa que está a pensar naquele partido para seu parceiro na governação da autarquia, caso este cenário se concretize.

(Opinião, Jorge Eusébio, Rádio Cartaxo)

Bruxo sem queda para a medicina

O jornal 'O Mirante' traz esta semana uma manchete, no mínimo, curiosa e, ao mesmo tempo, cómica e dramática. Um homem diz ter entregue cerca de 55 mil euros a um bruxo para que este o livrasse das maleitas que suspeitava deverem-se a um feitiço lançado pela mulher. O resultado é o que se previa: ficou com as dores e sem o dinheiro. E nem o tribunal lhe valeu, pois limitou-se a constatar que, sim senhor, o carcanhol 'voou' da sua conta bancária, mas não há provas que tenha ido parar ao bolso do profissional da bruxaria, que pode ser muito competente nessa arte, mas que revelou ter pouca queda para a medicina. Moral da história: se tem dores, vá ao médico e não a um bruxo.

(Opinião, Jorge Eusébio)

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Mandem lá o carro à inspecção

Em Torres Vedras, não há dinheiro para o tribunal mandar o carro à inspecção. De forma que os juízes deslocam-se para os tribunais do círculo de táxi. Eu sei que não percebo nada de economia e finanças, mas suspeito que seria mais barato pagar a inspecção. Mas é só um palpite.
 
(Opinião, Jorge Eusébio)

Uns chatos porreiros

Os portugueses são fatalistas, chatos, invejosos e inconvenientes. Os seus fracassos são culpa do governo, dos banqueiros, da troika, da chuva, da seca, do destino.
Português que se preze chega com meia-hora de atraso, mete cunhas para conseguir emprego para o filho e detesta ver o vizinho com um carro ou, mesmo, com uma roupinha melhor do que a sua.
Português que é português mesmo a sério tem montanhas de defeitos. Mas, convenhamos, também algumas qualidades. Em face da desgraça, português que é português mostra a sua face solidária e generosa e arregaça as mangas para ajudar. Como aconteceu, recentemente, em Silves. Cerca de mil pessoas recusaram-se a ficar em casa à espera do governo, da protecção civil, da câmara ou das companhias seguradoras. Saíram do conforto dos seus lares e foram limpar os estragos provocados pelo tornado. Sem esperar nada em troca por esse trabalho, imagine-se.
Ultimamente, há muitas altura em que sinto raiva e desalento por ter nascido português. Agora, isso passou-me.

(Opinião, Jorge Eusébio)

Foot-Vaca nas Festas do Cartaxo

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Salinas de Rio Maior



Paulo Caldas absolvido


O ex-presidente da Câmara do Cartaxo, Paulo Caldas, foi esta tarde absolvido pelo Tribunal do Cartaxo dos crimes de denegação de justiça e de peculato de uso. Em causa estavam duas situações: a utilização para fins particulares, por parte de uma funcionária da autarquia, no tempo em que era presidente, de um veículo de serviço e o não embargo de algumas das obras de ampliação da Casa das Peles.
A juíza deu como provado que a viatura foi usada para fins particulares mas iliba o autarca e a então vereadora Rute Ouro de responsabilidades, uma vez que alegaram ter tomado as providências necessárias para a reposição da legalidade após terem tido conhecimento dessa situação, que foi detectada no decorrer de uma inspecção da IGAL. Os autarcas dizem desconhecer que a funcionária tenha continuado, mesmo depois disso, a usar a viatura para fins particulares, pensando que apenas a usava ao serviço da autarquia.

Quanto ao processo da Casa das Peles, a juíza disse ter ficado provado que as obras de ampliação feitas eram ilegais e que Paulo Caldas, enquanto presidente da Câmara, tinha a obrigação de o saber. Também deveria ter conhecimento, após receber uma participação que o alertava para a situação, que, de acordo com o Plano Director Municipal em vigor, não era possível legalizar a obra, pelo que a deveria ter embargado ou demolido. No entanto, para que fosse condenado pelo crime de denegação de justiça de que era acusado neste caso, a lei diz que teria de ter respondido negativamente a um requerimento que, nesse sentido, lhe fosse apresentado. O Tribunal decidiu que a participação em causa não podia ser considerada um requerimento, pelo que acabou por absolvê-lo.
Referiu, no entanto, que havia a hipótese de ser condenado pelo crime de prevaricação, que não foi pedido pelo Ministério Público. Mas também acabou por eliminar essa possibilidade, uma vez que refere não ter ficado provado que a decisão de Paulo Caldas tivesse como objectivo o benefício concreto do dono da obra, mas sim o interesse municipal.

Paulo Caldas mostrava-se satisfeito com o desfecho do julgamento e reafirmou que "nunca me passou pela cabeça mandar demolir uma empresa como a Casa das Peles, uma das maiores da região e com o peso social que tinha, tem e continuará a ter no futuro". Foram "mais de cem famílias que viram salvaguardados o seu emprego e as suas condições de vida". Tomar outra decisão "teria sido um acto de loucura", pois, em face dos elementos de que dispunha, "o caminho adequado era instaurar a contra-ordenação e legalizar as obras".

Um século de vida



Esta senhora atingiu ontem um feito inacessível à esmagadora maioria dos mortais. Festejou um século de vida. Naturalmente que a data histórica foi pretexto para um dia especial no Lar de S. João, da Santa Casa da Misericórdia do Cartaxo, de que é utente. Uma festa simples mas sentida, cheia de emoção, alegria e animação e na qual fizeram questão de participar muitas pessoas da sua terra, Vale da Pinta, onde é considerada a Enfermeira do Povo. Clara Maria Patrício teve uma vida dura e difícil, viu falecer muito cedo a única filha que tinha e o marido, mas a tristeza não a impedia de a qualquer hora do dia ou da noite ajudar quem dela precisasse, conforme testemunharam muitos dos que foram desejar-lhe um feliz aniversário.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Paulo Portas e Vítor Damas

Em tempo já muito distantes, fui jovem e inconsciente. É a desculpa que invento para justificar que, durante uns anos, tenha perdido parte do meu tempo, dinheiro e entusiasmo em campos de futebol. Mais precisamente, no do Portimonense, clube de que cheguei a ser sócio. Até que percebi que, para se ganhar jogos no futebol, não é condição essencial ter uma equipa bem organizada e recheada de bons jogadores e treinadores. É mais importante que se tenha uma boa equipa, sim, mas fora das quatro linhas, nos bastidores, junto das pessoas certas. E deixei de ir à bola, ponto final.
Mas, devo reconhecer, nem tudo foi mau nesses tempos. Ainda vi bons jogos de futebol e apreciei o talento de fantásticos jogadores. Assisti ao 'nascimento' do Pacheco, um jovem da casa, que mais tarde se tornou craque ao serviço do Benfica, do Sporting e da selecção nacional. Vibrei com a qualidade dos passes de Guetov e com a capacidade de fazer golos de Cadorin, o melhor jogador que passou por Portimão e que ficou ao lado de uma fantástica carreira, a nível nacional e internacional, devido a um infeliz acidente. E também ainda me lembro da passagem pelo clube do mítico guarda-redes Vítor Damas. Na altura, já estava na fase final da sua carreira, mas, ainda assim, era um monstro na baliza. Mas, Vítor Damas tinha também fascínio por fazer defesas para a fotografia. Recordo-me de jogadas em que bastava ele ficar a meio da baliza e estender os braços para agarrar a bola sem problemas, mas isso seria fácil demais para o seu gosto. E, então, dava dois ou três passos para o lado para, depois, atirar-se, em voo espectacular à bola, dando a sensação de ter feito uma defesa quase impossível.
Às vezes, ao ler notícias sobre o CDS e Paulo Portas, lembro-me de Vítor Damas. Não estou a sugerir que a qualidade de Paulo Portas como político seja idêntica à de Vítor Damas, como guarda-redes. Mas, é verdade que tem um certo talento para a actividade e se, à frente de uma 'equipa' pequena, chegou onde chegou, o que aconteceria se tivesse tido a sorte e o engenho de ir parar a um dos 'grandes', o PS ou o PSD... Mas, tal como Vítor Damas, também Paulo Portas gosta de fazer defesas para a fotografia. Como dizer ou mandar dizer que é contra a austeridade e muitas medidas do Governo, quando, depois, em Conselho de Ministros e no Parlamento, ele e o seu partido as aprovam. Como agora, a confirmar-se esta notícia do Diário de Notícias. O CDS espalhou aos quatro ventos que tinha insistido com o PSD para baixar drasticamente o financiamento aos partidos políticos, quando, afinal, votou contra uma proposta no mesmo sentido que o Bloco de Esquerda apresentou. Chama-se a isto trabalhar para a fotografia, dar espectáculo, no fundo, atirar areia aos olhos do Zé Povinho.

(Opinião - Jorge Eusébio)

Tomem iniciativa

A fazer fé nas sábias palavras do 1º Ministro, os portugueses são uns piegas que até metem impressão. Ah, isto está mal e não sei quê. Tomem iniciativa, façam pela vida, criem um negócio, um banco, por exemplo. É quase garantido que vão ter lucros bons. E quando não tiverem entregam a chave e os prejuízos ao Estado. Estão à espera de quê?

(Opinião - Jorge Eusébio)

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Um sorriso nas trombas

O país é governado por funcionários estrangeiros, as empresas fecham, o desemprego alastra, os bancos não emprestam dinheiro e não há o mínimo sinal de que isto vai mudar. Mas, caramba, não sejam pessimistas, ponham um sorriso nas trombas, que diabo.

(Opinião, Jorge Eusébio)

domingo, 18 de novembro de 2012

Recriação de uma matança de porco à moda antiga



O Rancho Folclórico da Freguesia da Lapa mostrou como se procedia, antigamente, à matança de porco.
A iniciativa teve como objectivo recordar uma tradição que, segundo o seu presidente, Luís Paulo, tem vindo a perder-se. Até há alguns algum tempo atrás, uma vez por ano, todas as famílias da zona “matavam o seu porquinho”. Uma parte da carne era convertida em presunto, outra servia para fazer enchidos e a restante ia para a salgadeira, pois frigoríficos eram luxos que ninguém tinha e só envolta em sal é que se conseguia conservar a carne em boas condições. A família ia-se alimentando dela até o próximo porco estar pronto para a matança e o processo se repetir. Tudo, no animal, era aproveitado: carne magra, carne gorda, miudezas, tripas, tudo. Agora, lamenta Luís Paulo, “a malta está mais fidalga, só quer os lombos, tem medo do colestrol”. O presidente da freguesia da Lapa, Rogério Santos, ainda se lembra como as coisas se processavam. No primeiro dia, matava-se o porco, que ficava a enxugar e, no final, havia uma leva refeição. No dia seguinte, família e amigos voltavam e desmanchavam, então, o animal e, naturalmente, comia-se mais qualquer coisa. Uma semana depois, acrescenta Luís Paulo, “fazia-se os enchidos e a refeição era composta, exactamente, de uma parte dos enchidos frescos, para se provar e do bucho, era outro convívio”.


Enquanto vão falando, já o porco de pouco mais de 60 quilos foi sacrificado. Depois de morto, o seu couro é queimado com tojo a arder e, de imediato, um conjunto de voluntários raspa, com facas e telhas, o dorso do animal, até que ele fique branco. É então colocado em cima de uma mesa de madeira e devidamente preparado para a fase seguinte. Para levá-la a cabo são precisos vários homens que têm de levantar o porco e pendurá-lo na vertical. É aberto com uma faca, tiram-lhe o fígado, rins e demais miudezas e também as tripas que são colocadas num alguidar de plástico e entregues às mulheres a quem cabe a pouco agradável tarefa de as lavar. Eram, posteriormente, aproveitadas para os enchidos. Entretanto, a noite foi-se aproximando, mas há apenas que cortar a cabeça do bicho e, para já, o trabalho fica praticamente concluído. Segue-se a parte mais interessante: os ‘cozinheiros’ cortam o fígado, os rins e alguma carne em pequenos pedaços, fazem os temperos com cebola picada e vinagre e colocam a carne sobre o grelhador de carvão que, entretanto, alguém acendeu. Olhando para o animal, Luís Paulo e Rogério Santos dizem que antigamente os porcos tinham outra dimensão, pois levavam o ano todo a engordar, enquanto que agora, “em poucos meses, seguem para a matança”. Enfim, outros tempos. Mas chega de conversa, vamos mas é ver se o petisco ficou saboroso.

(Reportagem, O Povo do Cartaxo, 16 Novembro 2012)

A mais jovem freguesia


Numa altura em que só se fala de extinção e fusão de freguesias, fomos em busca das razões que levaram à constituição da freguesia de Vale da Pedra, a mais jovem do concelho do Cartaxo. Joaquim Edgar (presidente da Freguesia) e José de Amorim Sereno são dois dos elementos que, em determinada altura, resolveram avançar com o processo que haveria de levar a que Vale da Pedra se tornasse ‘independente’ da freguesia de Pontével. Envolveram, então, a população numa luta que acabou coroada de sucesso, com a constituição da freguesia de Vale da Pedra, em 23 de Maio de 1988.
José de Amorim Sereno lembra que a gota de água foi a recusa do presidente da Junta de Pontével da altura de, nas eleições, colocar uma mesa de voto em Vale da Pedra, conforme era solicitado pela população local. Os meios de transporte não eram o que são hoje, pelo que, para conseguir votar, a maioria dos habitantes de Vale da Pedra tinha de se deslocar à sede da freguesial, “a pé, de carroça ou de bicicleta”. Não dava muito jeito, mas a resposta que obtiveram foi que “nem pensássemos nisso”. Uma resposta que não agradou e, desde logo, um grupo de pessoas decidiu que “se não vem a bem, vem de outra maneira”. Juntaram-se “aí uns 12 ou 13” e começaram a sensibilizar a população para a necessidade de Vale da Pedra se transformar em freguesia. Para se avançar com o processo burocrático, criou-se uma comissão e recolheram-se assinaturas de, praticamente, todos os moradores da zona.
A tarefa, a esse nível, não foi difícil, diz Joaquim Edgar, uma vez que a convicção geral era que “Pontével ralava-se pouco com Vale da Pedra, pouco fazia por nós, os caminhos eram de terra batida e estavam cobertos de silvas, não tínhamos cá nada”. Para quase tudo, era necessário ir a Pontével ou ao Cartaxo, “só havia aqui uns cafés, tabernas e mercearias, mais nada, isto era uma terreola”.
Foi a partir de 1983/4 que começou a tomar forma o processo de ‘divórcio’ que não foi pacífico. Em determinada altura, um grupo do qual José de Amorim fazia parte foi à Junta de Pontével “buscar um papel que era preciso para entregar na Assembleia da República e o presidente da Junta não o entregou”. Um impasse que só foi resolvido graças à intervenção dos serviços da Câmara, na altura liderada por Renato Campos.
Fazendo o balanço destes 24 anos como freguesia, ambos garantem que valeu bem a pena o esforço. “Então não valeu a pena, se não fosse isso, não tínhamos cá nada”, diz, convicto, José de Amorim. O seu companheiro de luta, Joaquim Edgar, lembra que o número de habitantes cresceu de cerca de 700 para quase 2000 e elenca as melhorias verificadas: “temos 99% das pessoas servidas com água canalizada, esgotos estão aí a 65%, exceptuando um beco, temos todas as estradas alcatroadas, temos farmácia, posto médico, temos uma creche nova, um Centro Social, uma igreja, uma escola melhorada e ampliada”.
De forma que, se de Lisboa vier a indicação de que esta será uma das freguesias a ter que se juntar com outra, está convencido que o povo vai novamente levantar-se em peso, pois “temos todas as condições para sobreviver sem ser preciso isso”.



(Reportagem, O Povo do Cartaxo e Rádio Cartaxo 26 Outubro 2012)

Mesa da Tortura e Estátuas nas Festas da Cidade do Cartaxo de 2012



Um partido, dois candidatos?



Parece mais do que evidente que as duas facções existentes no PS/Cartaxo não se vão entender até às eleições autárquicas. Quem presta atenção ao que aconteceu nas eleições internas, ao que é escrito nas redes sociais, ao que dizem protagonistas das duas partes e às posições que a concelhia (não) toma sobre a actividade autárquica chega à conclusão que fumar o cachimbo da paz está fora de questão. Mesmo que haja indicações a partir da distrital ou dos órgãos nacionais para se entenderem, não me parece que o vão fazer. Pelo contrário, tenho a ideia de que se prepara uma guerra sem quartel, que terá o seu expoente máximo na escolha do candidato do PS às autárquicas.
Conforme está definido nas regras internas, a escolha terá de passar por uma consulta aos militantes e a facção de Pedro Ribeiro vai agarrar-se a isso com unhas e dentes. Como venceu a luta pela concelhia, parte do princípio que tem mais apoiantes entre os militantes e assim conseguirá impor o seu candidato.
Do lado contrário, é óbvio que ninguém aceita que o candidato seja outro senão o actual presidente da Câmara, Paulo Varanda. Alegarão perante os órgãos nacionais e distritais que não faz sentido e não é habitual que um presidente, podendo e querendo concorrer, não se recandidate e que isso iria enfraquecer o partido perante os eleitores. Quanto muito, admitirão que a outra facção indique alguns nomes para a lista, não negociando, contudo, o primeiro lugar.
Os elementos da facção que perder esta luta, duvido muito que votem no candidato do partido, é até mais provável, na minha opinião, que avancem com uma lista ‘independente’. E, se isso acontecer, está aberto o caminho para o PS perder, finalmente, a Câmara do Cartaxo. Isto, apesar de quem representar o PSD ter uma tarefa complicadíssima, uma vez que será visto como a imagem local de Passos Coelho e da sua equipa, que não soube governar o país e nos conduziu, com convicção suicida, para o abismo.
Mas quem poderá ser o candidato do PSD? Nos meios políticos são vários os nomes que têm surgido, mas julgo que ainda ninguém está escolhido. No entanto, tendo em conta a marcação cerrada e o ataque feito pela bancada socialista na Assembleia Municipal a Vasco Cunha, pelo menos, a facção apoiante de Paulo Varanda estará convencida que o mais provável é que seja ele o candidato ‘laranja’.

Versão em vídeo:
(Opinião, O Povo do Cartaxo, 26 Outubro 2012)

A arte de construir chocalhos


A crise está a fazer com que algumas actividades e profissões praticamente desaparecidas estejam a ser recuperadas. Na freguesia da Ereira (concelho do Cartaxo), deparámo-nos com um desses casos. Artur Silva e Luciano Jesus recuperaram a arte de produzir chocalhos. Uma arte que tem muito que se lhe diga.
Na base de todo o processo está um simples rectângulo de metal. Luciano pega nele e, à força de muitas marteladas, acaba por moldar-lhe a forma pretendida. Depois, embrulha-o em papel e envolve-o numa massa feita de barro e palha, seguindo-se o necessário processo de secagem. O chocalheiro repete o processo dezenas de vezes ao dia. Ao fim de várias semanas estão, finalmente, criadas condições para se avançar para a fase da fundição, para o que é necessário dar uso ao forno. O seu aquecimento “leva duas horas”, o que implica um gasto substancial de gás. Daí que, por uma questão de rentabilização, apenas seja ligado uma vez por mês, quando já há muitas centenas de chocalhos de diversos tamanhos prontas para serem sujeitas a temperaturas na ordem dos 1200 graus centígrados.
Esse é o dia de trabalho mais longo de cada mês para si, para Artur Silva e os três outros amigos que os ajudam na tarefa. A jornada começa logo pelas quatro horas da madrugada e dura até às seis, sete horas da tarde do dia seguinte. Depois de fundidos, os chocalhos são retirados do forno por Luciano, envergando um fato, máscara e luvas anti-fogo, que os seus colegas, na brincadeira, dizem ser de astronauta.
Mas ainda são várias as fases pelas quais os chocalhos terão de passar antes de estarem prontos para seguirem o seu caminho e cumprirem a missão para a qual são construídos. Mal são retirados do forno, têm de ser continuamente “rebolados no chão” durante alguns minutos “para não coalhar no mesmo sítio”, após o que são mergulhados na água. Parte-se, então, a massa que envolve os chocalhos, os quais são, posteriormente, polidos. Com mais umas leves marteladas, Luciano dá-lhes a afinação de som, coloca-lhes o badalo e o processo fica, finalmente, concluído.
   Produzir chocalhos era uma ideia que Artur Silva tinha já há algum tempo. Aprendeu com o pai a arte da correaria e pretendia acrescentar os chocalhos ao lote de produtos que tinha disponíveis para os seus clientes. Mas o problema é que não possuía conhecimentos técnicos para construí-los. Até que conheceu Luciano Jesus, cuja família estava ligada ao ramo: “os meus avós foram chocalheiros, o meu pai não seguiu, eu aprendi com um amigo da família e já levo uns 14 anos de profissão”. Recebeu o convite de Artur Silva e largou o seu Alentejo para vir para a Ereira produzir chocalhos. Começaram há cerca de quatro meses e, como a concorrência não aperta, pois já há pouca gente a produzir este tipo de produtos, clientela não tem faltado. Vendem para todo o país e até para Espanha, dando completo escoamento à produção. Artur Silva diz que até nem têm ido muito à procura de novos clientes, uma vez que “a produção ainda é pequenina, mas estamos a tentar mecanizar um pouco mais o processo” para conseguirem passar para um nível de produção mais avançado.


(Reportagem publicada no jornal O Povo do Cartaxo de 12 Outubro 2012)